Fundadas a 25 de novembro de 1854, as freguesias de Santa Clara e de Santo António dos Olivais comemoram 170 anos de atividade. Antes desta data, existiam, em Coimbra, nove freguesias. Contudo, a necessidade de reorganizar a cidade em consequência do seu crescimento, levou a que estas fossem reduzidas a apenas quatro. É por essa altura que são também criadas duas novas freguesias nos subúrbios: Santa Clara e Santo António dos Olivais.
Como forma de unir as duas margens do Rio Mondego, a celebração dos seus atuais 170 anos de existência vai ser realizada em conjunto, num momento que promete orgulhar a cidade. “Espero que seja uma rampa de lançamento para que a cidade seja vista como um todo, porque só como um todo se pode desenvolver. Não pode haver filhos de primeira e de segunda classe”, explica Francisco Rodeiro, presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, em declarações ao “O Despertar”.
Contrariando as leis da natureza, a freguesia a que preside já nasceu grande. É a maior da cidade de Coimbra e uma das mais populosas do país, com mais de 41 mil pessoas recenseadas. De acordo com o presidente, não é possível “especificar com precisão o número de habitantes”. No entanto, “deve situar-se entre os 50/60 mil”.
O crescimento dos últimos 170 anos é visível em várias zonas habitacionais, nomeadamente, Solum, Vale das Flores, Tovim, Chão do Bispo, Casa Branca, Alto de São João, Pinhal de Marrocos, Portela ou Mainça. A esta vasta comunidade, a Junta de Freguesia presta vários serviços, sobretudo, ao nível da ação social. “Por si, ou com a colaboração de cerca de 40 instituições de solidariedade social e de natureza pública, a Junta de Santo António dos Olivais presta auxílio a mais de mil famílias”, adianta Francisco Rodeiro.
Melhorar a vida da população
O apoio a diversos agregados familiares é também uma das respostas dadas pela Junta de Freguesia de Santa Clara. Desde o início, a sua história esteve sempre ligada a um ambiente religioso e romântico, o que suscitou o interesse por parte de vários escritores, poetas e outros artistas que escreveram sobre ela longas páginas.
Albergando todos os fogos e terrenos a sul do Mondego, Santa Clara tem por limites o rio e as freguesias circunvizinhas. Intimamente relacionada com a Quinta das Lágrimas, a imagem de Santa Isabel, o desenvolvimento do Convento de Santa Clara-a-Velha e com a transladação do corpo da Rainha Santa para o Convento de Santa Clara-a-Nova, a freguesia tem vindo a aumentar de ano para ano. Em 1854, – ano da sua criação -, a mesma era composta por 1.156 habitantes. 106 anos depois, em 1960, o número já tinha chegado aos 5.706 habitantes. Esta tendência de crescimento mantém-se até aos dias de hoje.
“O desígnio da nossa Junta é fazer as pessoas mais felizes”, sublinha José Simão, presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara e Castelo Viegas, também em declarações ao “O Despertar”. Denote-se que a denominação do órgão Executivo sofreu alterações, em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional pela agregação das antigas freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas.
Mudou-se o nome, mas não se mudaram as respostas. Assumindo-se como “uma Junta muito solidária”, esta continua a prestar serviços à comunidade, procurando ser cada vez mais justa e equitativa. “A nossa comissão social da freguesia não deixa ninguém para trás. Às vezes, não conseguimos resolver todos os problemas, porque nem sempre temos as competências e o dinheiro necessários, mas ajudamos e muito”, acrescenta José Simão.
Aposta dupla na proximidade
É há muito sabido que as Juntas de Freguesia constituem a forma de organização do Estado que mais se aproxima do cidadão. Santo António dos Olivais e Santa Clara e Castelo Viegas não são exceção e ambas primam por zelar pelo bem-estar físico e mental das suas populações.
No caso de Santa Clara, José Simão refere que o órgão Executivo “conta com um psicólogo a trabalhar permanentemente, nomeadamente, junto dos idosos, no combate à solidão e/ou doenças mentais”. Também em Santo António dos Olivais é privilegiado o apoio a grupos mais envelhecidos, recorrendo, para isso, à ginástica, ao yoga e ao canto. “É um dos serviços mais relevantes da freguesia por entendermos que é importante mantermos as pessoas ativas”, salienta Francisco Rodeiro.
Apesar de situadas em margens opostas, as duas freguesias mostram, assim, ter mais em comum do que, simplesmente, a data de nascimento. A partir de 1940, ambas passaram a ser consideradas freguesias urbanas. A decisão baseou-se no facto destas estarem já dentro dos limites da cidade. Desta forma, tornou-se possível dar maior veracidade aos censos da localidade de Coimbra.
A relação com o município
Picoto, Vale de Canas, Casal do Lobo, Cova do Ouro, Serra da Rocha, Rocha Nova e Bemposta compõem o panorama rural da freguesia de Santo António dos Olivais. Além disso, Vale Linhares mantem, ainda, traços acentuados de ruralidade. 170 anos passados, a freguesia vê com bons olhos o crescimento de Coimbra e orgulha-se de fazer parte desta cidade.
“Coimbra tem um grande potencial de crescimento humano, económico, empresarial e até de mobilidade”, afirma o presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais. De acordo com Francisco Rodeiro, a cidade “começa a ser olhada de outro modo e a ser um polo de atração do investimento nacional e estrangeiro”.
Em contrapartida, José Simão acredita que Coimbra “não está a ter grande desenvolvimento”. O presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara e Castelo Viegas lamenta que esta se perca em “investimentos que, por vezes, são incompreensíveis (…) É muito dinheiro que se gasta para termos o olhar de Portugal e do mundo sobre nós”.
Apesar de tudo, ambos os responsáveis não deixam de elogiar o poder municipal. Segundo José Simão, “a Câmara Municipal de Coimbra (CMP) disponibiliza muito dinheiro para as Juntas de Freguesia”. Já Francisco Rodeiro fala numa “boa relação com o poder municipal” mantida ao longo dos últimos anos. “Não há atritos de espécie alguma. Temos uma relação próxima, adulta e coloquial”, remata.
Certo é que os próximos dias são de festa para as duas freguesias que, se fossem pessoas, poderiam muito bem ser gémeas. Já dizia a canção de Rui Veloso: “muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa”.
Programa comemorativo de Santa Clara
De forma a assinalar os 170 anos, a freguesia de Santa Clara preparou uma celebração simbólica a decorrer no dia 25, no Recordatório Rainha Santa Isabel/Alfredo Bastos. A iniciar pelas 15h30, o evento é aberto ao público.
Haverá várias homenagens, nomeadamente ao Coronel Álvaro Seco, figura incontestável de Santa Clara, e a David Augusto Santos (já falecido), antigo trabalhador da Junta, pelos serviços prestados à freguesia.
A nível empresarial, Santa Clara vai homenagear a Cervejaria Praxis por se tratar de uma empresa que se instalou naquela margem esquerda e que tem dinamizado a freguesia.
Para além destes reconhecimentos, a festa contará com momentos musicais e de muita animação. O Hino da freguesia, que foi criado há 20 anos, será cantado por uma cantora lírica do Porto que se fará acompanhar por músicos de Lisboa.
A história do surgimento da freguesia de Santa Clara também será explicada numa exposição presente neste dia.
Neste dia, a União de Freguesias vai ainda a todas as escolas de Santa Clara distribuir bolo de aniversário e brindar com os mais pequenos.
Programa comemorativo de Santo António dos Olivais
A freguesia de Santo António dos Olivais vai estender o seu programa comemorativo dos 170 anos durante vários dias. A começar no domingo (24), decorre, pelas 17h00, no Centro Norton de Matos, o concerto de Germán Diaz, com entrada livre.
No próprio dia de aniversário, dia 25, pelas 11h00, é inaugurado o Espaço Cidadão no Edifício da Antiga Sede da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais. De seguida é atribuído um apoio à Associação de Diabéticos da Zona Centro, que está instalada na freguesia. Na parte da tarde decorrem as homenagens aos funcionários da Junta de Freguesia com 25 anos de serviço.
No dia 29, no Conservatório de Música de Coimbra vai receber o espetáculo “50 anos de cravos e outras canções”, da Associação Pardalitos do Mondego.
De 25 a 30 de novembro, estará a decorrer o Festival de Literatura Infantojuvenil, que vai chegar a vários pontos da freguesia.
Programa em conjunto
As freguesias de Santa Clara e Santo António dos Olivais decidiram celebrar de mãos dadas, pela primeira vez, o aniversário. Desta forma, os 170 anos, para além dos programas individuais, serão celebrados em conjunto no dia 7 de dezembro, no Convento São Francisco.
A iniciativa está agendada para começar às 15h00 e vai contar com um momento musical do violoncelista Tiago Anjinho, tendo depois as intervenções oficiais dos respetivos presidentes de juntas, José Simão, da Freguesia de Santa Clara, e Francisco Rodeiro, da Freguesia de Santo António dos Olivais. José Manuel Silva, presidente da Câmara de Coimbra, e Hernâni Dias, secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território também vão contribuir para a festa com algumas palavras. Haverá lugar igualmente para uma conferência proferida pelo Professor Doutor Vital Moreira.
As celebrações encerram-se, pelas 17h00, com um concerto do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra.