Cristiana Dias

No passado domingo (26), a Feira dos Lázaros regressou a Coimbra marcando a sua posição em dois locais distintos da cidade que muito representam esta tradição que vem já dos anos 40.

No Largo de São João, no Bairro de Celas, organizado pelo Grupo Folclórico de Coimbra (GFC), e no Largo D. Dinis, junto às Universidades, organizado pelo Grupo Folclórico da Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra, muitas foram as pessoas que visitaram as várias tendas com doces conventuais, produtos artesanais e brinquedos da época das “salatinas”.

Para além do dia de sol, inicialmente tímido, foi possível desfrutar dos doces conventuais e populares de Coimbra (confecionados artesanalmente, pelos próprios componentes do GFC), como os famosos Lázaros que dão o nome à Feira (pássaros feitos de massa e farinha, enfeitados com penas, que os doentes de lepra faziam e vendiam a quem os visitava para angariar algum dinheiro), manjar branco, arrufadas, arroz-doce, coscorões, entre outros.

“Todos estes doces são recriados com receitas que foram recuperadas pelo nosso diretor técnico professor Nelson Correia Borges e fazemos questão de sermos nós a confecionar todos estes produtos, portanto aquilo que nós vendemos é confecionado por nós como uma mostra daquilo que Coimbra sabe fazer de melhor em termos gastronómicos”, refere Eulália Perez, diretora do Grupo Folclórico de Coimbra.

Para além dos doces, as pessoas vestem-se a rigor com trajes que também são uma representação daquele tempo e que “identifica” o GFC.

A tradição, que acontece sempre no penúltimo domingo da Quaresma – domingo de Lázaros – sempre se realizou na parte alta de Coimbra que foi demolida, para o surgimento da cidade universitária. Os habitantes dessa antiga alta, designados por “Salatinas” foram realojados em diversos bairros da cidade, entre os quais o Bairro de Celas.

Até ao início dos anos 90, a Feira dos Lázaros foi sempre organizada pelo Grupo Folclórico da Casa do Povo da Universidade de Coimbra, mas um diferendo levou a que este grupo desse origem a duas novas formações: o Grupo Folclórico da Universidade de Coimbra e o Grupo Folclórico de Coimbra e assim passaram a realizar-se duas Feiras dos Lázaros, embora com o mesmo intuito.