EDGARD PANÃO – Os concelhos precisam de marketing, de serem divulgados e mediatizados, para evitar a macrocefalia de Lisboa e Porto e deixarmos de estar ensanduichados entre estas duas cidades enquanto não chega a Regionalização o que não é o mesmo que Descentralização. Reconheço, no entanto, o papel fundamental dos municípios portugueses e das suas freguesias. Portugal tem, aliás, uma longa e até fundacional matriz municipal. A nível de Ensino temos recuperado nas últimas décadas de um atraso longo e estranho, mas, atualmente, apesar de falarmos de uma geração bem preparada, o número de alunos que integra o ensino superior está ainda abaixo da média europeia. Felizmente houve personalidades que se bateram pela criação de estabelecimentos de ensino superior em vários pontos do país. Faleceu, há poucos dias, o Dr. Edgarda Panão que foi uma referência na criação e direção de escolas. E foi um prodigioso escritor após a sua jubilação. Nasceu em Penela, mas foi com meses para Miranda do Corvo e assumiu esta vila como terra natal. O município, presidido por Miguel Batista, homenageou-o na última segunda-feira, dia em que completaria 100 anos, porque foi profícuo a escrever sobre Miranda, a estudar muitos dos seus aspetos socioeconómicos e a divulgar a vila e o concelho. A sessão permitiu o lançamento póstumo do seu livro intitulado CRESTOMATIA DE AUTOR. É uma antologia de textos e pontos de vista de eminentes personalidades, de amigos e de explicações. Temos, assim, um exercício de filiação das várias obras deste admirado professor e autor mirandense. Na esteira dos grandes e épicos narradores como Camões e Fernão Mendes Pinto encontramos, ao longo de algumas obras do autor, um estilo gerador de algumas semelhanças e influências. Edgard Panão, parecendo fiel ao ponto de vista do nosso Eduardo Lourenço, filósofo e ensaísta, fez também de Portugal um barco em viagem, embora tenha sulcado mares prenhes de lusofonia. Terá guardado relatos da sua postura como docente e diretor de Escolas em terras africanas e até da sua função para-governativa em Timor Lorosae. Foi uma vida de dedicação ao ensino a qual completou com novas funções de reitorado e direção académica em Leiria e em Aveiro. Alcançado o estatuto de aposentação, eis que passou a dedicar-se à produção literária, vasta e multidisciplinar, guardando nacos de factualidade para historiar Miranda do Corvo, a Família, a República e a Educação. Também os nossos heróis de viagens, Fernão Mendes Pinto e Luís de Camões, percorreram geografias íngremes, foram soldados e tiveram muitas outras missões o que lhes permitiu, após o regresso à pátria, relatarem as suas odisseias. Edgard Panão tem de ser lido, e através deste novo livro-catálogo, municiado por excertos com vários géneros literários e diversas proveniências, compreenderemos melhor a vida do Autor, de um Protagonista sensível e erudito, soldado na luta por um ensino de qualidade. São obras bordejadas por uma história de vida e de identidades, pelo seu habitus, dito capital cultural incorporado e cujo cartão de cidadão ou bilhete de identidade vitalício é, agora, esta CRESTOMATIA DE AUTOR.
O BIDÉ – Fazendo uma incursão pela IA esta leva-nos a perceber o bidé como um aparelho sanitário em formato de bacia que serve para a higiene íntima após usar o vaso sanitário, mas pode ser, ainda, útil, por exemplo, para lavar pés ou banhar bebés. Façam o favor de serem felizes aqueles que ainda podem usufruir de um belo e eficiente bidé, cada vez menos visto e menos usado cá pelo país. Eu sou a favor do BIDÉ. Gostava de subscrever uma campanha a favor de sua excelência o BIDÉ porque uma nova portaria de 2024 eliminou a obrigatoriedade da instalação do bidé nas novas construções. As partes íntimas choram a eventual partida do Bidé. Penso estar também em causa o futuro de algum instrumental da ORXESTRA PITAGÓRICA da ACADEMIA DE COIMBRA. O BIDÉFONE, especialíssimo e singular aparelho musical desta risonha formação, provavelmente, não terá substituto e corre o risco de ter de ir camuflado para os concertos desta original e bem-disposta ORXESTRA PITAGÓRICA.