Fernanda Paçó
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado desde 1972, é uma das principais ferramentas da Organização das Nações Unidas para sensibilizar e promover a ação internacional no combate aos problemas ambientais.
Este ano, o dia 5 de junho promete debater o mote “Soluções para a Poluição Plástica”, de forma a alertar para o dano que este material causa ao planeta e incentivar a redução do seu consumo.
“O plástico desempenha uma função útil no nosso dia-a-dia, com aplicações importantes em
várias atividades. Em 2021, em Portugal, foram produzidas cerca de 1,8 megatoneladas de resíduos de plástico, sendo que apenas 60% deste total foram reciclados”, afirma Marta Lopes, docente e coordenadora da licenciatura em Tecnologia e Gestão Ambiental, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e investigadora no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra.
Este ano, a sede do evento será a República de Côte d’Ivoire, que tem vindo a desempenhar o trabalho de adopção de políticas mais sustentáveis, como explica a página oficial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O meio ambiente pede ajuda
Como demonstram os dados fornecidos pelo PNUMA, a busca por respostas é urgente: mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas por ano em todo o mundo, sendo metade deste material projetado para ser usado apenas uma vez. Da produção total, menos de 10% é reciclado. Acredita-se que 19 a 23 milhões de toneladas acabem, anualmente, em lagos, rios e mares.
Na União Europeia, “estima-se que 80-85% do lixo marinho seja constituído por plástico, representando um sério risco para os ecossistemas marinhos, a biodiversidade e a saúde humana”, afirma Marta Lopes.
Mas o problema não para por aí: os microplásticos – pequenas partículas de plástico de até cinco milímetros de diâmetro – acabam em alimentos, água e ar. Assim, calcula-se “que cada pessoa no planeta consome mais de 50.000 partículas dessa substância por ano – e muitas mais se a inalação for considerada”, explica o PNUMA.
“Os microplásticos entram no meio hídrico através da deposição atmosférica, do escoamento da água ou através das águas residuais urbanas, cujos sistemas de tratamento têm sido ineficazes, até ao momento, para os remover”, explica Marta Lopes.
A docente e coordenadora completa a dizer que, em Coimbra, desenvolve-se o projeto “Make water cleaner”, que visa “desenvolver uma tecnologia para remover microplásticos das águas residuais”.
Iniciativas no Dia Mundial do Ambiente
Águas do Centro Litoral
As Águas do Centro Litoral (AdCL) não poderiam deixar de assinalar um dia tão importante e, por isso, desenvolveram um programa repleto de atividades, com o mote “No Lado Certo da História”.
Dessa forma, no dia 5, pelas 16h30, tem lugar o webinar “Cuidamos do rio como cuidamos da vossa saúde”. A conferência será transmitida em direto nas redes sociais da empresa, podendo posteriormente ser consultada nas plataformas digitais da mesma.
Outra medida tomada pela AdCL será o reforço da sua ligação com a ColorAdd, uma ONG (Organização não Governamental) cuja missão incide no apoio e inclusão de pessoas com daltonismo.
Esta parceria prevê a implementação do sistema de identificação de cores para daltónicos em 19 praias da região, como Cantanhede, Espinho, Góis, Leiria, Lousã, Marinha Grande, Ourém, Penela e Vagos.
“O código universal de cores para daltónicos apoia-se nas cores primárias como ponto de partida, às quais foram acrescentadas o preto e o branco. Para cada uma destas cinco cores foi criado uma forma geométrica básica”, explica a empresa.
Assim, a ação traduz-se na instalação de autocolantes, com os símbolos ColorAdd, nos ecopontos espalhados pelas praias. Os símbolos serão, também, colocados nas bandeiras que sinalizam as condições do mar e dos rios.
Mas as comemorações não param por aí: cerca de 500 alunos vão visitar a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) do Juncal, em Porto de Mós, para ver o processo de tratamento de águas. Também a ETAR das Olhalvas vai abrir as suas portas ao público, amanhã, às 10h30. Esta visita é realizada mediante inscrição.
Já o Festival Beira Rio, que irá decorrer nos dias 3 e 4 de junho, surge de uma parceria entre a Águas do Centro Litoral e o Orfeão de Leiria, com o objetivo de “sensibilizar a comunidade através da música”.
Assim, a partir do livro “Será o Mar o meu lugar?”, de Sarah Roberts, foi criado um musical, dedicado à proteção dos Oceanos, de autoria do compositor Mário Nascimento, da letrista Maria Helena Vieira e do coreógrafo Luís Sousa.
Já no domingo, às 9h10, em parceria com a AdCL, está prevista uma caminhada, com partida no jardim St. Agostinho e término na ETAR das Olhalvas, com possibilidade de visita à instalação.
Esta atividade conta com a colaboração do Centro de Interpretação Ambiental de Leiria, que irá promover a observação e identificação de plantas autóctones e invasoras, de aves, insetos e outras espécies presentes no ecossistema ribeirinho do percurso Polis.
Também no dia 5, às 15h00, a AdCL assina o protocolo de colaboração regional com o Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra.
Com o “objetivo de comunicar a essencialidade do serviço diário prestado pela AdCL”, estará em exibição no Exploratório a mostra “Água – uma exposição sem filtro”.
Águas de Coimbra
A Águas de Coimbra une-se à celebração do Dia Mundial do Ambiente, com atividades a animar a cidade durante todo o mês de junho.
Um dos locais que serão palco desta programação é o Museu da Água que, após passar por uma remodelação, passou a chamar-se Antiga Estação Elevatória do Parque (AEEP).
O novo espaço destina-se ao “conhecimento, à participação pública e à responsabilidade social”, apostando na “divulgação de conteúdos de base científica”, afirma a Águas de Coimbra.
“A antiga estação de captação de água, datada de 1922, continua a ser um local de encontro da empresa municipal com a comunidade, onde a Águas de Coimbra exerce a atividade de responsabilidade social, sensibilizando para a preservação da água, um recurso cada vez mais valioso e escasso”, explica.
O local vai receber, assim, até ao dia 16, a “EDURRIO – Educar para a preservação e sustentabilidade dos rios e ribeiras urbanas e dos seus recursos – da biodiversidade aos serviços do ecossistema”.
Outra iniciativa para celebrar o Dia Mundial do Ambiente é a instalação de 28 painéis, que “revelam os ecossistemas das ribeiras escondidas” da cidade. A mostra está localizada entre o Jardim Botânico e a AEEP.
Também no mês de junho, até ao dia 24, a Antiga Estação Elevatória vai acolher o 28.º CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela.
Já no dia 30, a AEEP irá exibir a instalação “Cuidado! Invasoras Aquáticas!”, uma exposição científica desenvolvida pelo Museu de Ciências Naturais de Madrid, no âmbito do projeto Life INVASAQUA.
Foi também no âmbito da reestruturação deste espaço de conhecimento que a Águas de Coimbra estabeleceu, há cerca de seis meses, um protocolo de colaboração com o Exploratório – Centro de Ciência Viva, que visa uma estreita colaboração na promoção da exposição Água – Uma Exposição sem Filtro.