Coimbra recebe amanhã, pela primeira vez na história, a final da Taça de Portugal em futebol, a ser jogada entre Benfica e FC Porto, a partir das 20h45.
A disputa do prestigiado troféu poucas vezes deixou o velhinho Estádio Nacional, no Jamor, mas desta vez a pandemia de covid-19 desaconselha-o por falta de condições sanitárias e a federação da modalidade decidiu-se por um campo a meio caminho entre as cidades do Porto e Lisboa, onde moram os dois finalistas.
Coimbra e o seu estádio municipal há alguns anos que andam afastados da alta-roda do futebol luso. A descida da Académica à segunda divisão e a mudança da final da Taça da Liga para outras paragens deixaram o Calhabé num deserto mediático.
Esse mediatismo regressa agora, por uma noite. Porém, a ausência de público a preencher as bancadas e a dar uma envolvência de festa também em redor do estádio tiram brilhantismo e retorno económico para a cidade de um jogo desta dimensão, que noutras condições seria uma importante alavanca para setores como o da restauração.
É o que temos. E dentro dos condicionalismos existentes há que saber ainda assim não desperdiçar a oportunidade para projetar Coimbra como palco privilegiado, com condições estruturais e equidistante no mapa geográfico, para a realização de importantes eventos como este.
Conceição volta a casa
Agora a bola. Benfica e FC Porto entram amanhã em campo com estados de espírito diferentes, todavia, com o mesmo objetivo: levar o “caneco” para casa e fechar em festa a época mais atípica de que há memória.
Os encarnados de Lisboa veem na conquista da taça a possibilidade de atenuar um ano que prometeu muito e que pode acabar em (quase) nada. Para o Benfica, a conquista do campeonato esteve à mercê dada a confortável vantagem pontual que chegou a dispor para o seu adversário deste sábado, mas deixou-a esfumar e o título virou miragem, assim como miragem voltou a ser a prestação nas provas europeias, nomeadamente na choruda Liga dos Campeões. A Supertaça ganha no início da época há muito que está no baú das memórias e resta agora a Taça de Portugal, que não “salva” a época mas sempre é melhor tê-la nas mãos do que vê-la nas do rival.
Por seu lado, Sérgio Conceição regressa à terra natal ao comando do seu FC Porto e vem à procura da “dobradinha”, ou seja, de juntar a taça ao campeonato recentemente conquistado. O confinamento parece não ter perturbado os dragões, que regressaram em força e estão a terminar a (longa) época num bom momento de forma, assumindo-se como favoritos à conquista do troféu.
Convém ainda assim recordar que a sorte não tem sorrido ao conimbricense de Ribeira de Frades nas finais da Taça em que participou como treinador e que sempre lhe têm escapado. Será desta? Ambicioso e determinado, Conceição não quererá perder a oportunidade de erguer o fugidio troféu… em Coimbra.
A falta de público já é castigo bastante para tão histórica disputa, pelo que resta esperar que amanhã dentro de campo o espetáculo seja verdadeiramente digno dos seus executantes e um regalo para todos aqueles que o vão acompanhar à distância.