O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) desenvolveu um projeto digital que permite aos doentes de cirurgia clínica terem alta mais cedo do hospital e serem acompanhados com segurança e proximidade, no âmbito do programa ERAS.

Segundo o cirurgião Manuel Rosete, trata-se de um programa clínico de intervenção multidisciplinar, “que procura mecanizar a recuperação pós-operatória, com o objetivo de proporcionar uma melhor e mais rápida recuperação”.

Após a alta médica, os doentes continuam a ser monitorizados à distância, mas em vez de um processo manual e demorado (chamadas telefónicas), o CHUC dispõe agora de um software de automação de jornadas clínicas para o fazer, desenvolvido por uma empresa tecnológica (UpHill) externa à unidade hospitalar.

A solução envia automaticamente questionários clinicamente validados aos doentes, interpreta as suas respostas de forma inteligente, sinaliza aqueles que podem vir a desenvolver complicações e alerta as equipas clínicas.

Antes da implementação da ferramenta digital, o período de internamento era, em média, de sete dias e agora é de cinco dias, “com a perspetiva de no próximo ano baixar para os quatro”.

“Este programa leva a que tenhamos um acompanhamento muito mais próximo e o doente esteja muito mais seguro, porque nota e sente que está a ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar”, vincou o cirurgião Manuel Rosete, que integra a equipa de coordenação.

Por outro lado, acrescentou, “os médicos e o serviço hospitalar também ganham mais segurança e confiança, pois conseguem ter uma maior noção de que as coisas estão realmente a correr bem longe do hospital”.

“Tivemos uma poupança muito grande a nível de internamento para o próprio hospital, de custos ligados aos doentes e leva a que conseguimos operar ainda mais e melhor ano após ano”, sustentou.

No âmbito do programa, acrescentou Manuel Rosete, o CHUC já realizou mais de mil cirurgias e implementou uma solução digital que envolveu até à data “mais de 250 doentes submetidos a cirurgia colorretal, que visou reduzir os reinternamentos e antecipar a identificação de complicações”.

“Existe um conjunto de procedimentos estandardizados e validados internacionalmente para o período antes, durante e pós-cirurgia, que provaram ter um impacto positivo na redução das complicações pós-operatórias, estabelecendo uma recuperação muito mais rápida que se traduz em menos dias de internamento, menos reinternamentos, melhor qualidade de vida para os doentes e menores custos para o hospital”, explicou.