A construção da nova maternidade de Coimbra é “urgente” e já “peca por tardia”, reforçou o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Carlos Santos, no início da semana, no final da visita às obras realizadas na Maternidade Bissaya Barreto com o intuito de garantir a segurança dos utilizadores.
O presidente do CHUC adiantou que ainda não tem indicação da tutela sobre a construção e localização da nova maternidade e sublinhou que esta é “uma necessidade urgente”.
“Sobre essa matéria não há dúvidas da parte de ninguém que é necessária uma decisão urgente sobre a questão da localização do novo serviço de Obstetrícia e Ginecologia. Essa decisão tem sido sublinhada por todos e já peca por tardia”, reforçou. Carlos Santos explicou ainda que, devido aos novos desafios surgidos da Covi-19, esta necessidade é ainda mais premente, defendendo, contudo, que a decisão deve “ser tomada rapidamente por critérios técnicos, por critérios clínicos e por todos os critérios que são necessários para tomar uma decisão desse tipo”. Considera que ter uma “visão a longo prazo num planeamento como este é decisivo para que seja uma decisão correta, racional, entendida por todos e financeiramente suportável pelos contribuintes”.
Recorde-se que este é um tema que tem estado na ordem do dia na cidade, com várias entidades a defenderem a localização da nova maternidade na zona do hospital dos Covões, ao contrário da vontade manifestada pela ministra da Saúde, Marta Temido, que tem apontado como localização preferencial o perímetro dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
“Segurança absoluta” para as grávidas
O presidente do CHUC sublinhou a urgência da nova maternidade no final da visita às obras realizadas na Maternidade Bissaya Barreto, para remodelação de uma área de forma a assegurar a separação de circuitos para grávidas com Covid-19, garantindo assim condições de segurança e conforto para todas as utentes. Tratou-se, como referiu, de “responder a um desafio adicional que a pandemia colocou na perspetiva de garantir circuitos seguros e respostas seguras para as necessidades que são novas”, sublinhando que “todo o dispositivo que está montado garante a segurança das grávidas”.
A questão da segurança foi também sublinhada pela diretora do serviço de Obstetrícia B, Maria do Céu Almeida, e pela diretora do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia, Reprodução e Neonatologia, Teresa Almeida Santos. Para tal foi criado um circuito independente, para grávidas e puérperas com sintomas de Covid-19, podendo o teste ser feito no local, havendo um piso da maternidade dedicado exclusivamente a grávidas que testaram positivo.
Teresa Almeida Santos realçou que tem que “ser acautelada a segurança no atendimento das grávidas com sintomatologia e infetadas e simultaneamente a segurança de todas as outras grávidas”, que devem continuar a vir “com a sensação de segurança absoluta”. “Com esta remodelação, temos um circuito exclusivo, de entrada exterior para grávidas potencialmente infetadas, garantindo a segurança para todas. Sente-se alguma insegurança e as grávidas estão a vir cada vez mais tarde para a urgência. Pensam que não têm segurança, mas há condições, seja para grávidas infetadas ou grávidas sem infeção”, sublinhou.
Desde o início da pandemia há a registar, segundo Maria do Céu Almeida, 22 casos de grávidas infetadas, “mais ou menos 50 por cento na primeira vaga e outros 50 por cento na segunda”. Adianta também que “não houve nenhuma complicação” resultante da Covid-19, tendo sido “todas as grávidas que acusaram positivas assintomáticas”.
Teresa Almeida Santos explicou que, para garantir a maior segurança, “está alocado um piso inteiro da Maternidade Bissaya Barreto para assegurar o isolamento de grávidas e puérperas e respetivas crianças”, um “custo que implica uma redução da lotação desta maternidade mas que é necessário para assegurar a segurança de todos” e que pode levar a que “tenha que haver transferência entre as maternidades”, de forma a que as positivas fiquem na Bissaya Barreto e as restantes, que não couberem, possam ser transferidas para a Daniel de Matos.
“Tem sido relativamente frequente termos necessidade de transferir grávidas e até puérperas, mulheres e recém nascidos, para a Maternidade Daniel de Matos. Isto é um transtorno mas é em nome da segurança. Não temos problemas de capacidade usando as duas maternidades, temos é que gerir o melhor possível o fluxo de grávidas e puérperas”, assegurou Teresa Almeida Santos.