9 de Novembro de 2025 | Coimbra
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Catarina Costa veste o Kimono e triunfa no Judo

6 de Maio 2022

Se tinha grandes ambições? Não, mas a verdade é que foi construindo a sua carreira e é hoje a vice-campeã no Campeonato da Europa de Judo, modalidade que espera praticar até já não conseguir ir mais ao “tapete”. Catarina Costa é natural de Coimbra e apaixonou-se pelo Judo com apenas 10 anos. O seu primeiro clube foi o Centro Norton de Matos, mas desde os 14 anos que o seu Kimono é da secção de Judo da Associação Académica de Coimbra.

Com os atuais 25 anos, esta é a modalidade que continua a fazer Catarina Costa feliz. “É a minha vida, onde tenho a minha ‘família’ e que já faz parte de mim e caracteriza a pessoa que sou”, começou por contar a judoca.

Uma ligação que começou muito cedo, a convite de uns dos seus atuais treinadores, “que me viu a jogar futebol no recreio da escola e desafiou-me e como não conhecia o Judo e sou bastante curiosa, experimentei e apaixonei-me e esse sentimento foi crescendo até hoje”.

A jovem atleta recuou à primeira vez que foi ao tapete, “a um mês depois ter começado a praticar a modalidade”. “Nem sabia bem como funcionava o mundo da competição, sabia apenas duas ou três técnicas e lembro-me de que perdi dois combates e ganhei dois e, na altura, todas as crianças recebiam uma medalha, mas fiquei em terceiro lugar”, recordou.

Já a sua competição mais a “sério” foi aos 13 anos, no Campeonato Nacional de Juvenis, onde se sagrou campeã. “Marcou-me e senti orgulho em ser a melhor atleta naquela categoria (-40kg), em Portugal, e fiquei emocionada, pois não estava à espera”, disse, de sorriso rasgado.

Após essa prova, somam-se várias competições e treinos “especiais” por todo o mundo, no entanto, para Catarina Costa os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 foi o “tapete” que mais lhe deu prazer competir, pois “estava na minha melhor forma física”.

Mais recentemente, a judoca rumou a Sófia, e veio com a mala mais cheia, pois sagrou-se vice-campeã no Campeonato da Europa e trouxe a medalha de prata para Portugal, na categoria de -48kg, que decorreu entre os dias 29 de abril e 01 de maio, na capital búlgara, e contou com a presença dos melhores judocas europeus, num total de 361 Atletas (207 masculinos e 154 femininas), em representação de 40 países, entre os quais 11 portugueses.

“Significou muito para mim, pois foi o meu primeiro grande título da carreira e ser vice-campeã da Europa não é para qualquer um, uma vez que é um título que exige muito trabalho, superação diária e ajuda dos colegas, treinadores e direção do clube para atingir este resultado, que serve de motivação para o que aí vem”, considerou Catarina Costa, frisando que, acima de tudo, o melhor “foi dar o exemplo aos mais novos e ser uma inspiração, que é algo que sempre ambicionei até mais do que ganhar medalhas”.

Muitos sonhos no “tapete”

Os Jogos Olímpicos Paris 2024 é também uma ambição a longo prazo, “embora tenha outros objetivos pelo meio e a própria classificação demora, mas está no meu horizonte”, afirma a atleta, que confessa que o maior sonho já está conquistado, o de “inspirar os mais novos e jovens a perseguirem os seus sonhos e a encontrarem aqui o gosto pela modalidade”. A nível de títulos, acrescenta, “são as medalhas das grandes competições, que todos ambicionamos, no Europeu, no Mundial, nos Jogos Olímpicos, fazer uma boa carreira e viver bons momentos enquanto atleta junto do meu clube e da minha família”.

A nível de treinos refere que além da sua segunda “casa”, que é o Estádio Universitário de Coimbra, adora treinar em França. “Sainte Geneviève Sports é um clube francês, “irmão” da Académica, onde passo muito tempo, porque o treinador era daqui de Coimbra e da Académica, Celso Martins, que me ajudou na minha evolução”, sublinha.

Catarina Costa veste o Kimono com alma, amor e dedicação quase a tempo inteiro, pois a judoca treina duas vezes por dia. “Temos uma manhã de descanso, mas em média são 10 treinos por semana, o equivalente a quatro horas diárias, além de outros pormenores que fazem toda a diferença, como a alimentação, o sono, a análise de vídeo de preparação para cada competição”, explicou.

Além do Judo, a jovem conimbricense está a estudar medicina e por vezes nem sempre é fácil conciliar, sendo o ponto fulcral “fazer a tempo parcial os anos da faculdade e depois tenho sempre apoio dos meus colegas e mais recentemente, com a criação do gabinete de Desporto da Universidade de Coimbra, é mais fácil adiar exames ou ter aulas noutras alturas e os professores também têm sido acessíveis”

Para Catarina Costa, a modalidade do Judo está cada vez “mais bem vista e reconhecida”. “Temos excelentes atletas nacionais e, desde 2016, com a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos no Rio, da Telma Monteiro, houve um grande “boom” no país e agora mais recentemente com os títulos do Jorge Fonseca como bicampeão do mundo”, considera a judoca.

Até ao momento, a atleta nunca pensou desistir da modalidade, apesar dos momentos menos bons ao longo de mais de uma década de kimono vestido. “Tive lesões complicadas que demoraram a curar e a voltar a cem por cento ao tapete e já tive fases de carreira em que as competições não correram tão bem, mas nunca me passou pela cabeça desistir ou parar, porque isto é a minha paixão e se neste momento tivesse de parar por algum motivo a competição iria continuar a treinar até o corpo me permitir”, assegura.

O apoio da família em relação a Catarina Costa ingressar no mundo dos judocas foi controverso, mas “a partir do momento em que percebem que esta é a minha paixão e que começo a singrar com os meus resultados, apoiaram-me sempre são a minha âncora para as competições”.

Questionada pelo “Despertar”, a judoca deu algumas dicas a quem quer vir “pisar o tapete”. “Em primeiro lugar é virem, que serão bem acolhidos, pois temos um espírito forte de família, mas se não for no Judo que seja noutra modalidade desportiva, porque o importante é praticar exercício e estar integrado num grupo que nos motive a ser melhores seres humanos”, concluiu.


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