23 de Maio de 2025 | Coimbra
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Casa dos Pobres de Coimbra fez ontem 90 anos

9 de Maio 2025

A Casa dos Pobres de Coimbra completou, ontem (8), 90 anos. Um percurso de vida longo, difícil, por vezes sofrido. Uma instituição de referência até aqui trazida por várias gerações de homens e mulheres bons de Coimbra, empresários muitos deles, pessoas de rara sensibilidade para a tão nobre causa que esta instituição cultiva e sempre serviu.

Deve-se, a Casa dos Pobres – na sua existência, continuidade e rigor do serviço que presta – a essas pessoas de bem, seja a nível pessoal ou através das empresas que foram administrando ao longo dos anos. Sem o envolvimento dessas pessoas, instituições e entidades – bem menos, contudo do que as necessárias e que era expectável que aqui tivessem estado – a Casa dos Pobres não evocaria a 8 de maio de 2025, o seu 90.º aniversário.

No seu percurso viveu fases e anos deveras difíceis. Muitas pessoas menos jovens lembrar-se-ão com certeza das acanhadas, frias e quase escondidas instalações da Casa dos Pobres no Pátio da Inquisição. Tempos difíceis que, apesar da humildade da instituição, soube e conseguiu acolher alguns dos muitos que dela precisavam, graças a algumas das figuras de Coimbra desse tempo que, no silêncio da sua prestimosa colaboração e ajuda, foram transportando, a braçadas de sacrifício, esses anos tão difíceis. Muitas dessas pessoas têm a sua fotografia afixada nas paredes do salão principal das atuais instalações. Afixadas em sinal de recordação, de agradecimento e como exemplo de pedaços de filantropia que, em silêncio muitas vezes – dá vida e futuro a Casas desta natureza.

Recordando um dos melhores presidentes desta Casa e desta Causa

Numa data tão simbólica como são os 90 anos de uma instituição, é bom que aqui se evoque – não por ter sido o melhor entre tantos bons, mas talvez por ter sido o mais audaz, corajoso e destemido e, porque não dizê-lo, até revoltado com a indiferença de algumas pessoas a instituições da cidade – que aqui se evoque, dizíamos, Aníbal Duarte de Almeida que durante anos dirigiu a instituição, alguns deles com outra figura de peso, em Coimbra, o engenheiro Augusto Correia que foi vice-presidente da Câmara. Os dois, amigos de vida, fizeram uma dupla muito determinada, bem acompanhada pelos demais elementos diretivos. Deve-se a eles a decisão de encontrar novas instalações para a Casa dos Pobres. Foi longa a procura, foram muitos os passos dados, muitos deles infrutíferos. Foi por isso necessário atravessar o rio para a outra margem: ousar construir instalações novas, devidamente preparadas para a função, garantindo aos utentes as condições que nunca haviam tido. E foi mesmo para a outra margem que se deu o salto, construindo as instalações atuais – boas, devidamente equipadas, modelares até em algumas valências – em S. Martinho do Bispo.

Atuais instalações vão ser ampliadas

Instalações atuais que se tornaram pequenas e necessitam de mais espaço. Por isso está em curso a construção de mais um imóvel contíguo ao existente e que se espera aumente significativamente a capacidade para acolher cerca de mais meia centena de novos utentes, levando a instituição a poder receber cento e tal pessoas no seu total. Mas a finalidade das novas instalações não é apenas poder dar guarida a mais pessoas necessitadas. Tem, o novo imóvel, um propósito de rentabilidade. Destinam-se estas instalações em construção, a poder servir pessoas que delas tenham necessidade e tenham também mais posses para pagar por elas um custo superior que, gerido com o rigor de sempre, possa ajudar a compensar o que os utentes atuais pagam a menos, dados os escassos recursos de que dispõem e da insuficiência dos subsídios recebidos da Segurança Social.

A Casa dos Pobres tem serviços de apoio de excelência. A nível de pessoal do quadro, a nível de enfermagem, de ginástica, de fisioterapia e outras valências que têm capacidade e dimensão para servirem, sem necessidade de grandes adaptações, novos e mais utentes, rentabilizando assim todo esse equipamento. Dir-se-á, pois, que este acrescento de espaço e alojamento corresponde também a um bem pensado acto de gestão, buscando novas receitas que assegurem a continuidade da instituição.

Homenageando alguns mas agradecendo a todos

A celebração destes 90 anos, ontem atingidos, concretizou-se em momentos breves, já que a Direção optou por estender as comemorações através de realizações avulsas em preparação para os meses que se seguem. Na parte da manhã, assinalaram a data hasteando a bandeira da instituição e fatiando o bolo de aniversário em carinhoso momento interno a partilhar entre quem ali trabalha e os utentes que ali vivem. Um momento de relativa intimidade, adequado à comunidade que ali passa alguns dos seus anos de vida. Seguiu-se, à tarde, uma missa e, pelas 17h00, foi prestada uma homenagem aos antigos órgãos sociais ao longo destes 90 anos. Homenageados foram também o Banco Alimentar, apoio importantíssimo da Casa dos Pobres, o empresário Manuel Teixeira, durante muitos anos proprietário da cadeia de supermercados Pereira & Santos, ao longo de muitos anos um ombro amigo que ajudou a encher o prato muitas vezes. Finalmente, o vice-Reitor da Universidade, João Nuno Calvão da Silva, figura de rara sensibilidade para as mais diversas causas sociais e que pela Casa dos Pobres tem especial carinho, dizendo presente sempre que pode. Espera a Casa dos Pobres que Coimbra, na medida das suas possibilidades e sensibilidade, vá dizendo presente sempre que puder.

 


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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