Instituição começou por ser uma delegação informal da Cáritas Portuguesa relacionada com o acolhimento de crianças austríacas, refugiadas das convulsões políticas e militares europeias, na transição da década de 40 para a década de 50. Hoje tem feito um trabalho notório na região e é considerada a maior das 20 Cáritas existentes no país
Não será por acaso que a Cáritas Diocesana de Coimbra é vista como a “maior do país” entre as duas dezenas existentes em Portugal. Com 129 serviços distribuídos por cinco distritos da Região Centro, “pouco mais de 20 centram-se aqui na cidade”, começou por dizer ao “Despertar” o presidente da instituição, Professor e Doutor Manuel Antunes.
“Nenhuma outra se aproxima destes três valores”, refere o dirigente ao mencionar ainda os perto de mil colaboradores que trabalham diariamente em prol da comunidade e o orçamento da instituição que ronda os 22 milhões de euros.
Um crescimento e dimensão que segundo Manuel Antunes se deve à obra dos Padres António Sousa e Luís Costa “que foram expandindo o seu trabalho, pois onde viam uma necessidade procuravam acorrer a ela através da Cáritas”.
A Instituição Particular de Solidariedade Social, com sede na Rua Dom Francisco de Almeida, em Coimbra, apoia de forma transversal as comunidades nos âmbitos social e pastoral, da saúde e da educação.
“O ADN de uma instituição como esta é a prestação de serviços de carácter social às pessoas que necessitam”, sublinha o presidente, explicando que a Cáritas “procura pessoas com fome, que não têm casa, vítimas de maus-tratos, com problemas judiciais ou mentais, havendo também cidadãos que vêm ter connosco para beneficiar de alguns serviços como, por exemplo, em lares e apoio domiciliário”.
A Cáritas de Coimbra, implementada desde a década de 50, cobre, assim, “toda a gente e todas as necessidades sociais em todas as zonas da região de Coimbra, pelo que penso que sozinhos constituímos um retrato bastante completo das necessidades sociais deste território”, refletiu Manuel Antunes ao contabilizar os mais de 14 mil utentes/beneficiários anuais entre todos os serviços disponíveis.
Tendo como missão ser um instrumento da Igreja na diocese de Coimbra para promover e defender a dignidade humana à imagem de Jesus Cristo, a instituição visa ser “uma referência pela qualidade e capacidade de ser pioneira nos serviços que presta à comunidade, de forma próxima, reflexiva e sustentável”, procurando acompanhar e responder, subsidiariamente, aos problemas das comunidades, “utilizando uma metodologia que privilegia o diálogo, a cooperação e o trabalho em rede”.
“Temos aqui pessoas de muitas profissões diferentes, desde auxiliares, médicos, enfermeiros, psicólogos, psiquiatras, engenheiros, entre outras especialidades profissionais”, acrescentou.
De mãos dadas com a solidariedade
Atualmente, a Cáritas de Coimbra abrange várias áreas. Entre elas estão as respostas sociais na educação (infância e tempos livres), saúde (ambulatório e internamento), ação social, família e comunidade (crianças e jovens em risco, idosos, toxicodependência, sem-abrigo, VIH/SIDA e intervenção comunitária) e os serviços como formações, na área clínica, ação pastoral e colónia de férias, através de uma intervenção com estratégias inovadoras e economicamente sustentáveis, “que permitam a prestação de respostas com qualidade, adequadas às necessidades emergentes, com foco no humanismo, profissionalismo e rigor técnico e científico”.
“Torna-se muito difícil governar uma instituição com todas estas valências de serviços e dimensão”, desabafou o dirigente Manuel Antunes.
A pobreza, salienta, “não é apenas económica, há também muita pobreza espiritual e psíquica”. “Há pessoas que se sentem muito reconhecidas pelo nosso trabalho, outras que consideram que é um direito delas”, acrescentou.
Cáritas desenvolve projetos inovadores
Além deste conjunto de valências, a Cáritas Diocesana de Coimbra aposta no desenvolvimento de projetos diferenciadores, com a criação de um Departamento de Inovação. Ao todo são 55 iniciativas, “umas em fase de idealização outras em fase de execução e implementação, relacionadas com as melhores formas de tratar e acolher os diversos tipos de utentes que recebemos”. Destas, destaca Manuel Antunes, “cerca de 20 são em consórcio internacional”. “Somos muito solicitados neste âmbito”, reforçou.
Neste momento, revela, “estamos a trabalhar em alguns projetos, entre eles a criação de residências individuais. “O objetivo é que as pessoas tenham espaços comuns, como sala de refeições e convívio, mas que depois tenham o seu espaço pessoal”, explicou o diretor, indicando que “já há várias experiências neste sentido com muito sucesso e é para aí que vamos caminhar”.
Entre muitas atividades dinamizadas pela Cáritas de Coimbra, que se refletem na vida das populações, está o peditório anual. “Esta iniciativa, que acontece anualmente no último domingo de maio, é organizada pela Cáritas Portuguesa de forma que seja igual em todos os locais”, esclareceu o dirigente, indicando que nesse dia “os peditórios feitos nas Missas também revertem a favor das Cáritas Diocesanas”.
Olhos postos no futuro da instituição
Somando a estas diversas iniciativas, é pretensão da Cáritas “criar uma residência de apoio a crianças portadoras de doenças mentais, além de pretendermos criar uma outra instituição, em Coimbra, para transferir os utentes do Lar de Jovens de Semide (Miranda do Corvo) para um espaço com melhores condições, e reabilitar o nosso lar mais antigo, na Figueira da Foz”. Peditórios que segundo Manuel Antunes servem para obter fundos e dar a conhecer o nosso trabalho e a própria instituição”.
“Ambicionamos também melhorar a nossa sede, que se encontra degradada a nível exterior e de eficiência energética, totalizando um investimento de cerca de seis milhões de euros”, sublinhou Manuel Antunes.
Voluntários “não temos muitos”, referiu o presidente, totalizando 20 elementos na Cáritas de Coimbra, que se dedicam voluntariamente a esta causa. “Temos o chamado voluntariado organizado, em que estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra vêm nas férias letivas fazer alguns trabalhos”, adiantou, demonstrando que a certa altura “notámos que precisávamos de trabalho mais profissionalizado dada a dimensão da instituição”.
O Professor e também Doutor, Manuel Antunes, é também um voluntário que assumiu a presidência da Cáritas de Coimbra, em novembro de 2020, cumprindo a sua missão com “sentido de dever quer religioso quer social e com todo o empenho e dedicação a esta causa”, conclui, de sorriso no rosto.