O Ateneu de Coimbra celebrou na terça feira, 1 de dezembro, 80 anos. Fundada em 1940 por um grupo de operários e de pequenos comerciantes e industriais da área da Sé Velha, na “velha” Alta, esta coletividade de cultura e recreio viu juntar-se-lhe também jovens estudantes e intelectuais, todos imbuídos de um espírito de apoio aos mais frágeis.

Sediado na Rua do Cabido, na Sé Velha, União de Freguesias de Coimbra, o Ateneu conta com uma história longa, marcada pela realização de variadas realizações culturais.

“O apoio aos mais frágeis, presente desde a primeira hora, através da ajuda aos mais carenciados durante a guerra, da criação de um posto médico, de explicações a jovens trabalhadores, veio a reforçar-se com a instalação de um centro de apoio à terceira idade”, realça a Direção.

O Ateneu de Coimbra é considerado um “baluarte da resistência ao fascismo”, tendo muitos dos seus dirigentes e sócios passado pelas prisões políticas. Mas, apesar dos tempos de censura e perseguição, forjaram-se “laços de amizade e vontades determinadas que foram o garante da manutenção do seu papel incontornável na cultura e na solidariedade”.

Ao celebrar estes 80 anos, a Direção reafirma “a determinação de continuar a defender os valores de cultura integral, relacionamento fraterno e entreajuda digna que o têm norteado, certa de poder contar, para tal, com o apoio fiel de sócios, amigos e parceiros”.

O Ateneu nasceu num período particularmente difícil a nível mundial, em plena segunda Guerra Mundial e numa altura em que, a nível interno, o país de debatia com as dificuldades resultantes da dureza do regime de Oliveira Salazar. Era preciso enfrentar, então, as dificuldades económicas e sociais, tendo o Ateneu desempenhado um importante papel nessa área, ao distribuir géneros alimentares de primeira necessidade pelos moradores mais carenciados.

A par com esta vertente social, privilegiou sempre a cultura, com o teatro e outras manifestações artísticas. Está na atual sede desde 1942, onde foi incrementando várias vertentes ao longo da sua história. Destaque para a criação de uma Biblioteca, hoje com cerca de cinco mil volumes, e para os eventos “Horas de Leitura” e “Jornais de Parede”, iniciativas criadas para dar a conhecer obras e autores. Com um cariz didático, assegurou também explicações a jovens trabalhadores. Já em 1977, no âmbito da sua vocação de solidariedade social, criou um Centro de Apoio à Terceira Idade e serviço de apoio domiciliário, colmatando assim uma lacuna muito sentida na zona da Alta.

Ao longo destes 80 anos de história, foram muitos os que ajudaram a construir este percurso, mantendo sempre viva a missão que esta coletividade abraçou desde que foi criada a 1 de dezembro de 1940.