A Associação do Basquetebol de Coimbra (ABC), com o apoio do Olivais Futebol Clube (FC), está a desenvolver um estudo com vista a analisar o comportamento dos jovens antes e depois da pandemia, de forma a poder compreender o impacto que a covid-19 teve na saúde física e mental dos desportistas e procurar encontrar medidas que possam ajudar a responder às suas necessidades.
Durante a apresentação do estudo, o presidente da ABC, Luís Santarino, alertou para a imprevisibilidade desta pandemia, que “se sabe quando começou mas que se desconhece quando terminará”. Deu conta das consequências que trouxe também para a prática desportiva, verificando-se, no caso desta associação, uma quebra de cerca de 40 por cento dos atletas, comparativamente ao último ano. Atualmente, de acordo com os números divulgados, a ABC conta “com cerca de 520 atletas inscritos, quando habitualmente tem cerca de 1.000”.
Luís Santarino considera que “são precisas novas políticas públicas para o desporto escolar” e lançou também um apelo às autarquias para apoiarem mais. “É absolutamente necessário desenvolver o plano de desporto escolar. É preciso ir buscar mais atletas, nomeadamente entre os sete e os nove anos”, frisou, considerando que “este estudo é a base daquilo que deve ser o trabalho futuro da ABC e de outras associações”.
O Olivais FC, coletividade de Coimbra bem conhecida pelo importante percurso que tem tido no desporto, em particular no basquetebol, é um dos parceiros deste estudo que, segundo explico Luís Santarino, vai abranger os atletas de sub-14 a sub-18 de Coimbra mas também das Associações de Basquetebol de Leiria, Viseu, Guarda e Castelo Branco, estando abertos a todos os clubes que se queiram associar.
Esta abordagem pretende analisar os motivos que estão a levar ao abandono do desporto, sobretudo na formação, os motivos (como irregularidade na participação dos treinos, competições canceladas e mesmo quebra nos rendimentos das famílias, o que tem um grande peso já que, na maioria dos casos, são as famílias que subsidiam a prática desportiva dos jovens) e o impacto que têm na saúde física e mental. A investigação vai ser coordenada pelas psicólogas Sofia Pinheiro e Laura Lemos e vai consistir no preenchimento de um questionário online. Uma vez que a eficácia dependerá das respostas e da isenção, os promotores lançaram um apelo aos jovens e famílias para que participem, estando assegurado o anonimato de todos. Esperam chegar a uma amostra de perto de 1.000 atletas de basquetebol da região Centro.
Adiantam também que, apesar do estudo se focar no basquetebol e na região, os resultados deverão ser transversais à realidade que se vive no país e também nas restantes modalidades desportivas, uma vez que, no atual contexto de pandemia, “os problemas são comuns a todos”.
“A pandemia veio afastar da prática desportiva e há uma redução significativa do numero de jovens que pratica desporto”, explicou Laura Lemos, que integra também a Direção do Olivais FC, clube que criou recentemente um Departamento de Psicologia. A psicóloga assumiu que a situação que se vive atualmente “é um desafio para a saúde dos jovens”, uma vez que, como é sabido, “o desporto influencia a saúde física e mental dos jovens”.
Importa, por isso, como completou Sofia Pinheiro, conhecer “o impacto da covid-19 nos atletas da formação de basquetebol, da ABC e de toda a região Centro”, nas várias áreas, de forma a que seja possível chegar a resultados que permitam “elaborar uma intervenção adequada, que traga de volta os jovens para a prática desportiva”. Os resultados preliminares deste estudo deverão ser conhecidos no primeiro trimestre de 2021.
O presidente do Olivais FC, António Fonseca, apresentou o exemplo do próprio Olivais, clube que também tem sentido essa quebra no número de atletas e que quer ter um papel participativo na resolução deste problema.