Sou um utilizador quase dinossáurio dos primórdios das redes sociais. Tenho a minha preferida, que uso para fins pessoais e profissionais. Como qualquer cidadão sigo algumas figuras públicas que também gerem, ou alguém por elas, as suas próprias páginas.
E é curioso verificar como a maioria esmagadora destas personalidades não comenta, não interage, faz figura de corpo virtual presente. Coloca umas fotos, partilha uns pensamentos, anuncia um evento e deixa que os comentários dos seguidores se multipliquem às dezenas, centenas, milhares.
Diria que o silêncio lhes convém, ou que a simples promoção da imagem no espaço público, incluindo os raros registos áudios e vídeos, que amiúde vão postando, colhe dividendos duma certa ausência tornada presença ou vice-versa, consoante o ângulo de análise.
Pergunto-me se alguns não terão vontade de pelo menos colocar um like em sofisticados elogios, ou quiçá nos simples comentários que se multiplicam, ou de contra-argumentarem os mais arruaceiros. Talvez estejam reféns dos seus agentes, ou se sintam inseguros no descer à terra dos comuns mortais. Provavelmente será uma mistura de tudo um pouco?
Relembro o que sucedeu comigo há uns anos. Após produzir um trabalho para uma das mais prestigiadas entidades empresariais da Região Centro, colocou-se a questão do prefácio, recaindo a escolha numa figura pública bem conhecida, que todos os dias nos anuncia o preço certo do que devemos ou não comprar.
Contactada a pessoa em causa, a resposta foi rápida e presenteada com um prefácio afetuoso, que entusiasmou a equipa envolvida. Porém, quando a etapa final do projeto conhecia a luz do dia, chegou o anúncio triste: o agente impedira, por questões comerciais a divulgação do texto.
Talvez à semelhança desta experiência que me marcou, pela negativa, muitas figuras públicas estejam reféns dos outros, de si, e até daquilo que fazem.
Por isso recomendo a leitura do livro «Pra cima de puta», da polémica apresentadora Cristina Ferreira, pedindo-vos o favor de lerem o que a senhora escreveu nas entrelinhas das emoções que decidiu expressar.