O mistério do mundo, a atmosfera das pesadas relações sociais, os regulamentos ditados por díspares e antagónicos conceitos, o senhor e o escravo, as dificuldades dos contactos humanos e humanizados, a quase impossibilidade da pessoa identificar o bem, a venda do corpo gera o crime, o dolo e onde a prostituição é uma possessão eterna na prática do mal. Vem desde as calendas gregas a prática do mal.
O mundo foi concebido já com o pecado original. Parece que o mundo foi criado por um sádico para se prostituir não só na matéria, na fisiologia do corpo, mas no espírito e na alma.
Há muitas formas de prostituição, não só na mulher que vende o seu corpo, no adultério da mulher fanada, da mal casada, da juridicamente criminosa.
Quem não conhece em pensamentos as orgias da idade média e de outras épocas dos Bórgias e de tempos mais recentes.
Prostituídos na consciência o crime deste jaez atinge afinal toda a gente transviada. Gente da política, da ciência, da religião; e não só a vulgar “rameira” que comercializa o seu corpo a quem passa.
A prostituição – a profissão mais velha do mundo – sobrevive à derrocada da civilização, da cultura, da religião. Para todo aquele que queira fazer história sociológica tem de retomar este tema, esta política de costumes, estes interesses teóricos e práticas da prostituição.
É um paradigma e modelo social das sociedades antigas e ainda hoje sobrevive com as suas trágicas consequências.