23 de Maio de 2025 | Coimbra
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ADAV Coimbra apoia cerca de 300 famílias por ano

1 de Maio 2025

Anualmente, são mais de 300 as famílias que usufruem da ajuda da Associação de Defesa e Apoio da Vida (ADAV) de Coimbra. A instituição tem como finalidade prestar auxílio a pessoas em situação de fragilidade, bem como a mulheres com dificuldades económicas que lutam por uma gravidez com alguma estabilidade financeira.

“Queremos ajudar as pessoas a levarem a sua vida da forma mais autónoma possível, ou seja, a serem donas do seu próprio caminho”, explica Fátima Vilaça Ramos, presidente da direção da ADAV Coimbra, em declarações ao “O Despertar”. Assim, – e desde 1998 -, a equipa trabalha todos os dias para que o grande objetivo se cumpra: aqueles que batem à porta do projeto deixem de necessitar dele. “Esse é que é o sinal de sucesso: não precisarem de nós e poderem caminhar sozinhos”, acrescenta.

Com o propósito de defender a vida humana desde a sua conceção, a iniciativa veio colmatar uma falha que, de acordo com Fátima Vilaça Ramos, era, e continua a ser, evidente na sociedade. “Existe muito pouco apoio. (…) Há poucas respostas que, no fundo, abarquem toda a vida das pessoas; que resolvam todas as situações”, alerta. Questões relacionadas com o processo de legalização de migrantes, regulação de poder patronal e dúvidas jurídicas são algumas das motivações que levam centenas de pessoas a procurar a ADAV.

População-alvo mudou no ano passado

Desde a sua génese, a ADAV Coimbra sempre foi, maioritariamente, requisitada por famílias portuguesas. Todavia, no ano passado, a população-alvo alterou-se. “Agora, temos à frente as famílias angolanas e brasileiras”, revela a presidente da direção. Segundo dados da instituição, em 2024, o projeto apoiava pessoas de sete países diferentes, nomeadamente, Nepal, Ucrânia, Gâmbia, Etiópia, Venezuela, Índia e Sudão do Sul.

“A maior parte das famílias que nos batem à porta têm o décimo segundo ano de escolaridade”, afirma a responsável, descrevendo ainda que estas têm, por norma, filhos até aos três anos de idade. “As nossas áreas de apoio são diversificadas e conseguimos ajudar, de uma forma global, a família”, sublinha. O auxílio chega, assim, em várias formas: quer em termos de bens essenciais, resolução de burocracias ou procura de emprego.

“No caso de famílias em que as pessoas, por tudo o que nós conhecemos, têm capacidade para trabalhar, nós tentamos que aceitem um emprego”, salienta Fátima Vilaça Ramos. No entanto, cada caso é um caso e, por isso, a instituição prima por conhecer a fundo cada cidadão que vai ajudar. “Fazemos sempre uma primeira entrevista onde tentamos perceber quais são as necessidades de cada família, quais são as suas potencialidades, dificuldades e fragilidades (…) Depois, tentamos logo responder a todas essas questões”, garante.

Quando a instituição se torna casa

A ADAV Coimbra é, desde a sua fundação, palco de vários projetos que contribuem para que quem a procura mude de vida. O “Banco da Maternidade e da Criança”, “A Bolachinha – Ateliê do Bebé” e “Mãe e Pai Coragem” são apenas alguns dos exemplos. No entanto, há ainda espaço para cursos de educação parental, formação modular e formação para a inclusão. Várias propostas e todas com o mesmo propósito: “dar resposta a situações que nós achamos que, naquela altura, estão a precisar de um apoio extra”, admite a responsável.

Deste modo, sempre que alguém procura a associação, é feito uma espécie de contrato de deveres e direitos entre ambas as partes. “Falamos do direito da ADAV poder ir a casa das pessoas (…) arranjando forma de poder suportar de uma forma mais efetiva essa família; e, por outro lado, o dever das pessoas aceitarem as formações. Se recusarem duas formações seguidas, durante meio ano não vão ter apoio. Essas são as exigências que nós fazemos à partida”, esclarece a presidente da direção.

Fátima Vilaça Ramos acredita que a formação é fundamental para que cada cidadão possa trilhar o seu próprio caminho, tornando-se autónomo e autossuficiente. Assim, a instituição aborda temas como “a busca ativa de emprego” ou “como é que se faz um currículo?”. Este último “é um tipo de módulo que tem tido um impacto fantástico nas pessoas que o frequentam, em termos de taxa de sucesso”, frisa.

Os gabinetes de apoio

Com vista a que as respostas dadas a cada família sejam o mais eficientes possível, a ADAV Coimbra dispõe de quatro gabinetes de apoio distintos: serviço social, psicologia, jurídico e voluntariado. O gabinete jurídico foi o último a nascer e, atualmente, conta com a presença de uma jurista que torna o processo ainda mais eficaz. “Passámos a poder dar uma resposta muito rápida a estas situações complicadas que, às vezes, eram o suficiente para que as pessoas não tivessem alguns apoios económicos e, portanto, tivessem dificuldade em se levantar”, confessa a responsável.

No passado, existiu ainda o gabinete de apoio ao emprego, todavia, acabou por ser extinto. Em sua substituição foi criado um ponto de apoio ao emprego. “Temos um computador dedicado para famílias que precisem de fazer essa procura ativa por trabalho”, refere. Para a presidente da direção, toda esta evolução em termos de respostas é a prova de que a ADAV era uma necessidade em Portugal.

“O nosso desejo era que a ADAV acabasse. Não fosse precisa. Ela só existe porque há famílias a precisar dela. Infelizmente, a necessidade das famílias não cessou. Pelo contrário. As famílias que nós temos vindo a apoiar, sobretudo desde o ano passado, estão em situações muito mais frágeis. Isso requer um reforço muito grande e um trabalho muito mais consistente”, reconhece.

A equipa que compõe a associação é constituída por voluntários que exercem as suas funções por “amor à camisola”. Um esforço que, segundo a responsável, tem valido a pena. “Temos tido muitas pessoas que nos dizem que, no dia em que não precisarem de nós, continuam a vir porque nos sentem como uma família. Temos ainda quem nos bata à porta só para dizer ‘olá’, ou apenas para receber um abraço, ou para dar conta de conquistas que fizeram. É muito reconfortante ter esse feedback”, orgulha-se.

Os diversos donativos e doações feitos pela comunidade têm auxiliado a ADAV Coimbra a desenvolver o seu trabalho de âmbito nacional. Apesar de todas as dificuldades, Fátima Vilaça Ramos não tem dúvidas: este é um projeto que faz sentido. “É um privilégio enorme poder servir desta maneira, poder estar aberto aos outros. É um privilégio poder fazer este voluntariado e poder assistir à mudança de vida nas pessoas”, conclui.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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