A Académica está a tornar-se numa muralha de silêncio, em memórias só, para desgosto de um velho e fervoroso adepto.
Falo da Académica Organismo Autónomo de Futebol (OAF).
O clube de que eu gosto, sempre o meu clube, foi fundado em 1887. A Associação Académica de Coimbra (OAF), que atualmente joga na segunda divisão do futebol português, é herdeira da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra (AAC), a associação de estudantes da Universidade de Coimbra.
Na prática, para meu desgosto, a AAC-OAF tornou-se um clube autónomo da sua casa-mãe. Restou-lhe, agora para meu regozijo, ser denominada como Académica, ter o mesmo emblema e carinhosamente apelidada de “Briosa” pelos adeptos, alcunha que advém da forte entrega com que normalmente se batiam as equipas amadoras de estudantes, contra equipas de atletas profissionais de alta competição.
A época de 1934-1935 representa uma revolução no panorama desportivo português e é criada a 1.ª Liga, que passa a ser a prova principal do futebol nacional. A Académica, como vencedora do Campeonato de Coimbra, garantiu a presença nessa competição. Na 1.ª Liga, o Clube consegue a sua primeira vitória na quinta jornada da segunda volta, ao derrotar o Académico do Porto por 2-1. O primeiro jogo da “Briosa” na 1ª Liga data de 20 de janeiro de 1935, com o Sporting, no Campo de Santa Cruz.
A Académica venceu o Benfica por 4-3 em 1939 e conquistou a 1.ª edição da Taça de Portugal, – grande contentamento para a cidade e suas gentes.
Em 1974, a Associação Académica de Coimbra (AAC) extinguiu a secção de futebol. Em 1984 foi então criado o Organismo Autónomo de Futebol (AAC–OAF), numa tentativa de reaproximação à casa-mãe e profissionalização do futebol, recuperando o nome e símbolo tradicionais da Académica.
Em 2012, a Académica voltou a vencer a Taça de Portugal, frente ao Sporting por 1-0, golo marcado por Marinho, aos 4 minutos, ainda hoje figura lendária da AAC (OAF).
A Académica foi dos clubes com mais adeptos em Portugal. Foi a instituição desportiva mais representativa e com mais simpatizantes de toda a região beirã. “Um estudo efectuado sobre o número de adeptos de clubes, feita pelo jornal Record e a empresa Novadir em 2010, revelou que a Académica era o quarto clube com mais adeptos a nível nacional.”
Na temporada 2015-2016 a “Briosa” desceu para a segunda divisão do futebol português, onde ainda permanece.
TUDO se foi esboroando e hoje vemos chegar a “Briosa” ao último lugar da 2.ª Liga.
Desenha-se, para meu desespero, a descida à 3.ª Liga, o que significaria o descrédito total desta equipa académica, porventura o seu desmoronamento; o fim – perto.
Mas de quem é a culpa desta situação?
Da Direção?
Dos sócios?
Das estruturas físicas e organizacionais já degradadas?
Dos sítios onde se treina e realizam os jogos mais parecendo “batatais”, como diria um dos comentadores da Sport TV, provocadores de lesões sistemáticas nos jogadores?
Da responsabilidade de quem escolhe os jogadores, hoje trajando de negro sem garra e apego ao emblema histórico que envergam?
Dos treinadores que já são três (esta época) em tão pouco tempo?
Dos estudantes terem perdido o apego ao emblema bem representativo desta jovem classe e substituindo-o pelo do Benfica, Sporting e Porto, tal qual o faz a população de Coimbra, cidade que vai de todo perdendo a sua identidade e grandeza?
Das Instituições políticas, sociais, culturais, económicas da cidade que são poucas e pouco apoiam?
Mas mais culpa tens tu Coimbra, “ó” Coimbra minha terra, que vais escorregando no lamaçal em que te meteste e chafurdas.