Esta artista desde criança se interessou pela leitura, pela música e pelas artes plásticas, ganhando através do tempo experiência com as suas primeiras exposições coletivas em Paris, onde vive, descendente de uma classe média, francesa e portuguesa, e o pai é um diletante colecionador, Murger, que empurrou a filha para a arte mesmo com prejuízo do seu curso superior que nunca desistiu e acabou de concluir na Sorbonne, o que a atormentava de não levar para diante um dos seus sonhos.
A última vez que estivemos com esta talentosa pintora foi na Rua Victor Massé com outros numa exposição de encher o olho.
Vincula várias considerações estéticas na ossatura filosófica de certa escola renascentista mas em novos ensaios. É que Joana Alves Millet não representa uma tradição de museu mas a técnica, os temas, a essência, a especialização, são fatores do húmus da sua arte entusiástica pela vida, pela beleza, de tudo que agrada à vista, de tudo o que é belo como diria S. Tomás de Aquino que foi também professor na Universidade de Sorbonne.
Os seus quadros na sua última exposição – mais aguarela do que óleo – tem na sombra a própria luz como Diderot explanou a sua tendência de colorido por pinceladas soltas e largas a lembrar Monet.
Enfim o apareamento de grandes artistas ao público é uma forma eficaz de se fazer pedagogia, cultura, dando luz às próprias sombras.
Ao traçar estas rápidas linhas li com emoção dois poemas “Destino” e “Afecto” de Isabel Jacob, tal o ritmo livre de qualquer imitação.
Também a poesia de Alda Belo é bem dizer cientificamente elaborada numa fina sensibilidade que marcou uma época dum novo humanismo que se viveu em Coimbra.
Joana Millet, nos seus desenhos das raparigas, exemplares, tem um descritivo latino duma artista que se procura sempre no seu sonho infinito.
A sua última exposição foi isso mesmo: a procura do seu sonho infinito.