16 de Julho de 2025 | Coimbra
PUBLICIDADE

Paulo Ilharco

VI(R)AGEM

18 de Outubro 2024

A Dor é bem-vinda

Quando há pulso firme.

Na voz queda ainda

O Engenho a invadir-me.

 

Os doutos austeros

De límpidas águas

São náufragos meros

Na espuma das mágoas.

 

Por isso me faço

Ao mar que em mim torço.

É só com um braço

Que remo e sem esforço.

 

Mais vale eu zarpar

Perante a intempérie

De em terra avistar

Amarras em série.

 

Um Vate não teme

Sair do seu cais,

Pois ele vai ao leme

Em busca de mais.

 

Além horizonte,

Pescando sereias,

Eu lanço uma ponte

Sobre outras areias.

 

Após tal momento,

Num verso-farol,

Eu sou Firmamento

E atraco no Sol.

 

Com alma já nua,

Sem fomes, nem sedes,

Apenas a Lua

Eu trago nas redes.

 

Silêncio no Mundo,

Que o mar Céu virou!

Na Dor, lá no fundo,

Deus é como eu sou!

 


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

Todos os direitos reservados Grupo Media Centro

Rua Adriano Lucas, 216 - Fracção D - Eiras 3020-430 Coimbra

Powered by DIGITAL RM