19 de Março de 2025 | Coimbra
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Martinho

TONY DE MATOS, ROMANTISMO E…HUMANISMO? -I

7 de Fevereiro 2025

Celebrou-se em 28/9/2024 o centenário de seu nascimento, efeméride que mereceu destaque no campo da cultura e da comunicação social, que lhe deu voz pública.

Desde muito tenra idade se tornou um menino errante, acompanhando os pais, membros de uma companhia de teatro itinerante, os quais, preconizando que aquele não era um bom futuro para ele, enviaram-no para Lisboa, onde tinha mais hipóteses de vencer na vida. Ali se empregou, mas o bichinho das cantigas já germinava nele desde a infância, pelo que, a par do emprego, procurou dar-lhe expressão, através da Emissora Nacional, a cujo concurso se candidatou mas, para desalento seu, foi excluído.

Somente se afirmou em 1945 e em 1950 gravou o seu primeiro disco com “Cantar de Amor”. Pode dizer-se que com esta canção se abriu a porta para os sucessivos êxitos: Lado a Lado, Quarto Alugado, Cartas de Amor, Doa a Quem Doer, etc., cujos temas exprimiam o seu melancólico estado de espírito.

De facto, desde a aurora do seu percurso profissional, como artista, revelou psicologicamente um sentimento lírico-dramático, por cujos fados e canções perpassa nostalgia, sentindo-se abandonado e ignorado socialmente, o que o impulsionou a refugiar-se no individualismo, exaltando a emoção e a genialidade, que o levaram a definir-se como cantor romântico.

Com certeza que, por ter sentido esse desvalor social, no seu próprio país, lançou-se pelos quatros cantos do mundo (Espanha, França, Inglaterra, Angola, Moçambique, África do Sul, Estados Unidos, Brasil, etc.), por lá espalhando a sua inata magia e encanto e onde permaneceu durante longos anos, até que retornou a Lisboa, onde viria a terminar a sua existência física, em 8/6/1989, com apenas 64 anos de idade.

Hoje, observa-se uma tendência para procurar no desenvolvimento parcelar e analítico das ciências humanas uma resposta para o sentido do humano. Porém, só na medida em que esses saberes positivos forem reinterpretados num projeto filosófico unitário se poderá compreender o seu propósito, de uma efetiva intenção humanística.

O humanismo é afinal uma postura de vida democrática e ética, afirmativa, em que os seres humanos têm o direito e a responsabilidade de darem sentido e forma à sua existência.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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