19 de Junho de 2025 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

TESTEMUNHOS: Um Dia Destes…

23 de Fevereiro 2024

Se achares por bem, um dia destes falo contigo,

Do chilrear dos pássaros que agora ouço na minha varanda,

E dos que, enquanto jovem, escutava nos olivais e nos figueirais da aldeia.

Se quiseres conto-te das árvores que vejo florir e crescer,

Nos parques e jardins da minha cidade;

Outrora perfumavam-me,

Os rosmaninhais e os pomares aromatizados e floridos das primaveras beirãs.

Se te aprouver conto-te,

Da chuva que tilinta nos ferros da varanda da minha citadina casa,

Que me apraz ouvir, silenciando-me, por debaixo do cobertor que me aquece.

Em tempos idos, ouvia-a cair dos beirados de telha velha,

Das hercúleas casas de pedra da aldeia, enturvando o meu dormir.

Olha, se achares por bem,

E um dia te apetecer ouvir,

Conto-te o que se passa do lado esquerdo do meu corpo e do direito também.

Conto-te o que os dois lados vivem,

Já que outrora só o esquerdo, batia, batia, por amor.

Se achares bem,

Prometo que não te vou demorar muito,

Um dia dos poucos que me faltam,

Conto-te das tristezas, das lágrimas vertidas, das gargalhadas, sim que já as dei,

Dos silêncios de que tanto gosto, das mágoas escondidas.

Olha se achares por bem,

Um dia conto-te tudo… um tudo que é quase nada,

MAS É TUDO.


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