Começo por citar duas frases criadas por duas pessoas notáveis e credíveis.
A primeira foi escrita por Eunice Munõz. Assegura-nos que sente o silêncio como uma grande conversa. Frase para mim inequívoca, sábia, que normalmente acompanha as pessoas idosas, quiçá as instituições já putrefactas que assim vão perdurando no tempo e com o tempo.
Contrariamente ao nosso “O Despertar”, o silêncio amargo não se plasma na sua vida, pois continua palmilhando caminhos árduos, dando aos leitores as notícias importantes da cidade que o viu crescer, das suas freguesias e lugares, contrariando, deste modo, o ruído do pensamento de Eunice.
Há uma outra frase que vou utilizar, neste aniversário, alicerçada no seguinte pensamento de Alberto Manguel: “Não quero que a morte se esqueça de mim, e acho que estou bem preparado para a receber quando ela chegar.”
A morte não se esquecerá de “O Despertar”. Mas, quando apostar encontrá-lo, estará perante um jornal firme, apesar da sua proveta idade, preparado pelas caminhadas assinaladas nas suas páginas centenárias. Apto está para prosseguir a sua viagem ainda longa, contra a morte, sempre comandada p’lo pensamento de Confúcio: “por muito longe que o espírito alcance, nunca irá tão longe como o coração”.
Epílogo
Ai O Despertar, O Despertar!
105 Anos de velho,
Sabedoria infinita feita.
Sabes muito, sabes tudo.
Aprendeste…
A dar noticias,
P’ra que o teu público fiel,
Continue informado.
Pois viver não é parar, é continuamente reaparecer.
Memória futura,
O Despertar.
Do mundo que nos suporta.
Da gente que nele vive,
Da sua vida tormentos
Dos pobres ricos, dos ricos pobres.
Das ruas,
Da vida das ruas.
Da guerra,
Da paz dos pequenos e grandes acontecimentos.
E foi assim ó O Despertar que chegaste longe.
Longe para seres longe,
Com a tua casa às costas, caminhando, caminhando.
Assim continues.
Parabéns a ti, a quem te faz, a quem te dirige.
A todos os que contribuíram para chegar até aqui hoje.
Fosses tu a desfolhar o malmequer e ele te diria:
Sempre, sempre, até.