20 de Junho de 2025 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

TESTEMUNHOS: Dorido, Intimista, Memorialista, Sofrido

16 de Junho 2023

Poderá parecer publicidade, exibição tacanha, ousadia, petulância, provocação, dar, nesta nota, exclusividade a um livro de poesia publicado por mim, recentemente, e a que dei o titulo Coração e Outros Que Vos Deixo.

            No entanto, creiam, não possui nenhuma dessas presunções. Trata-se de um livro magoado, doloroso, despretensioso, elaborado, e, em parte escrito, após uma operação delicada ao coração e na sua fase de recuperação. Acrescento, em inúmeras noites sem sono e de solidão profunda.

É um livro intimista, no convencimento de que nasce de “um poeta da vida intima”, onde o mar lhe enche a alma, a melancolia domina, mas, de quando em quando, saltam vozes alegres. Não é escolher sempre os que já morreram, mas também identificar formas de conseguir sobreviver. Como disse Ary dos Santos, “regressar à origem da ternura, onde o meu ser perdura.”

Fazendo uma sinopse sou apenas alguém que «poe­tisa». No entanto, falo da vida e do sonho tornado vida. Falo do dia – a – dia, de amores, de guerra, e, posteriormente, da morte e entes queridos que passarão a ser memórias dos que cá ficam. Falo de pessoas. Falo da minha indignação, da minha solidão, da minha ansiedade. Da vida que foi a preto e branco com pinceladas de azul.

Quedam-se neste pequeno livro de 80 páginas, alguns dos meus versos preferidos, dos mais so­nhados, escritos entre 1966-2023, aqueles que considerei mais dentro de mim. Os tais, do homem misto de sonhador, ficcionista, também realista, cantor do sujeito comum e do deserdado. De tudo o mais que se é capaz de esculpir com a ponta do aparo, – a realidade.

Mas creiam, não sou poeta não! Muitos há que me impregnaram a vida. É esses apenas que arremedo, Com O Coração E Outros Que Vos Deixo.

Como diria Bob Dylan “Uma grande canção segue a lógica do coração e permanece na nossa cabeça muito depois de a termos ouvido. A mim acontece-me o mesmo com este livro e com os versos nele inscritos.

Depois de o ler, e reler, ecoa-me, cá dentro.

Para terminar, vou espreitar um texto alentejano recuperado por José Afonso – “ó meu bem, se tu te fores, como dizem que te vais, deixa-me o teu nome escrito numa pedrinha do cais.”

O vosso nome está lá.

Foi esse o meu desígnio. Nada mais.

Deixar aqui uma palavra (já que as palavras sempre vencerão), a tantos poetas quase anónimos, muitos dos quais me inspiraram, tais como Angelina Andrade, Luísa Ferreira, João Ilharco.


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