Estou na Beira, sentado no silêncio da varanda,
A minha vista embevecida em redor anda.
Olho os barrocais erguidos, bem sentados, toscos, silvestres.
De lá chega uma fragrância branda;
Um cheirinho a lavanda.
Chega do alto da Serra e dos seus confortes campestres,
Embrulhado numa aragem que faz cantar os amieiros,
Nas margens daquele ribeirinho e dos seus lameiros.
Os campos fremem de vida e cor.
Olhem por favor:
Ali, as flores brancas e perfumadas das giestas,
Além, o amarelo das carquejas,
Acolá, o azul acinzentado e aromático das urzes,
E, mais para lá, o ondular de muitas plantas floridas,
Agitadas por uma brisa suave.
Eis um manto de beleza,
Um tapete imenso,
Onde se concentram todas as cores.
Da minha varanda alcanço o belo,
E p´ra quem triste está,
Vale a pena voltar cá.