19 de Junho de 2025 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

TESTEMUNHOS A Última Carta

19 de Janeiro 2024

  I

 Vou escrever-te a última carta,

Hoje cartas não se escrevem,

Para todo o sempre prescrevem.

O papel das cartas sumiu,

Escrevi na palma da mão e partiu;

O vazio à chegada tudo destruiu.

II

Como te falo agora de amor?

Onde, Meu amor!

Perdidamente de papel preciso;

O virtual não tem tinta,

É impertencente, impreciso,

Volátil, nem o teu retrato pinta.

III

Desisto amor, o meu tempero é navegar,

Vou ao telemóvel falar,

Ou uma mensagem enviar,

Tudo sem brasa, sem calor,

E tanta dor.

Faço leitura em Scroll,

Com música só tocada em Sol;

Tudo flui à minha frente,

 Sem tempos para versar a mente,

E pouco ou nada permanente.

IV

Nem o amor, meu amor,

Sabes, já murchou a flor!

Acudam, por favor.


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