I
Vou escrever-te a última carta,
Hoje cartas não se escrevem,
Para todo o sempre prescrevem.
O papel das cartas sumiu,
Escrevi na palma da mão e partiu;
O vazio à chegada tudo destruiu.
II
Como te falo agora de amor?
Onde, Meu amor!
Perdidamente de papel preciso;
O virtual não tem tinta,
É impertencente, impreciso,
Volátil, nem o teu retrato pinta.
III
Desisto amor, o meu tempero é navegar,
Vou ao telemóvel falar,
Ou uma mensagem enviar,
Tudo sem brasa, sem calor,
E tanta dor.
Faço leitura em Scroll,
Com música só tocada em Sol;
Tudo flui à minha frente,
Sem tempos para versar a mente,
E pouco ou nada permanente.
IV
Nem o amor, meu amor,
Sabes, já murchou a flor!
Acudam, por favor.