23 de Abril de 2025 | Coimbra
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ANTÓNIO INÁCIO NOGUEIRA

Testemunhos: A Caixa de Pandora

14 de Maio 2021

Os portugueses estão cansados de «confinamentos» e, à mínima abertura, espraiam-se por todo o lado, muitas vezes sem a proteção e o distanciamento adequados. É só verificar o comportamento de alguns, em super´s, lojas, esplanadas, restaurantes, tantas vezes cuidando-se tão pouco e respeitando frugalmente a saúde dos seus pares. As forças de segurança têm intervindo bastas vezes, dispersando aglomerados sem regras e festas clandestinas. Os portugueses, de uma forma geral, não resistem à solidão e ao silêncio, e lá vão correndo aliviando as mágoas. E, logo que têm permissão para sair, mesmo os mais velhos, cuidam-se pouco. Pode ser que me engane mas uma outra vaga pode aparecer por aí. E depois?

Para, pelo menos, 41,5% dos inquiridos pela Escola Nacional de Saúde Pública está a ser “difícil” ou “muito difícil” evitar visitar amigos e familiares. E há uma maior dificuldade em “manter a adoção de medidas de proteção”. Estas conclusões já foram apresentadas na sede do Infarmed.

É certo que a dúvida, quanto ao futuro, baila na cabeça de muitos e perguntam-se: posso ter um verão sereno em que possa apanhar sol, ir à praia, ver o azul do mar e as ondas rolando na areia? Será que posso marcar, num lugar sereno, um aposento num hotel da periferia do país, para espairecer as mágoas e caminhar por entre paisagens de beleza infinda?

Deveríamos aprender, nestas ocasiões de confinamento, com as palavras de um intelectual polaco, citado por Pedro Mexia, no Expresso. Diz o estudioso: “…não a solidão não tem de ser melancólica e triste, de todo. Pode pelo contrário, estar ligada a uma experiência de plenitude…”. E reivindicava a solidão como “zona tranquila entre dois tumultos”. Eu vou muito por esta atitude. Para outros tudo se descreve, de imediato, como sendo doença, porventura depressão.

Apesar do pouco cuidado que patenteiam, as pessoas têm medo de abrir a Caixa de Pandora.

Mas o que é a Caixa de Pandora? É um mito grego que dizem narrar a chegada da primeira mulher à Terra e com ela a origem de todas as tragédias humanas. Na mitologia grega, Pandora foi a primeira mulher criada por Hefesto sob as ordens de Zeus.

Antes de enviá-la à Terra, entregou-lhe uma caixa, recomendando que ela jamais fosse aberta, pois dentro dela os deuses haviam colocado um arsenal de desgraças para o homem, como a discórdia, a guerra e todas as doenças do corpo e da mente mais um único dom: a esperança.

Vencida pela curiosidade, Pandora acabou abrindo a caixa liberando todos os males no mundo. Fechou-a antes que a esperança pudesse sair. Essa metáfora foi a maneira encontrada pelos gregos para representar, num enredo de fácil compreensão, conceitos relacionados à natureza feminina, como a beleza, a sensualidade e o poder de dissimulação e de destruição.

Uma das várias versões deste mito indica que Pandora, uma mulher de extrema beleza, foi enviada por Zeus para se casar com Epimeteu, que era irmão de Prometeu. O presente de casamento era uma caixa que continha todos os males. Ficou conhecida como caixa de Pandora.

Uma outra versão é de que Pandora foi mandada por Júpiter, com boa intenção, a fim de agradar ao homem. O rei dos deuses entregou-lhe, como presente de casamento, uma caixa, em que cada deus colocara um bem. Pandora abriu a caixa, e todos os bens escaparam, exceto a esperança.

Tenhamos, então, esperança, – o mal vai terminar.


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