29 de Abril de 2025 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

Sophia a Rainha da Arte, – da Poesia

28 de Março 2025

Falou-se de poesia. A poesia foi celebrada. Pelos mesmos. São sempre os mesmos a celebrar. E eu que não pertenço ao grupo dos badalados do poema, não fui chamado, nem achado. Mas tenho a ventura e o privilégio de ser lido pelos amigos de O Despertar.

E até calhou bem, venero, em solidão, a minha poeta de eleição – Sophia de Mello Breyner Andresen. E falo-lhe do mar: – como ela amava o mar, – como ela amava o mar!

 

I

 

Ó Sophia,

Estás longe no frio Panteão,

E não podes vislumbrar,

O mar.

Aquele mar,

Que hoje vi espreitar p´la porta da minha casa.

E dou-te razão, senti num golpe d´ asa,

“Metade da minha alma é feita [ ficou feita] de maresia,

Tal como a tua.

 

II

 

Fui um caixeiro-viajante,

Já corri mundo.

Mas mais que tudo,

Continuo a amar o mar profundo.

Aquela praia do Pedrógão invernosa,

Crua, nua, mas saborosa.

Foi aí que me ajuntei ao mar,

Ao vento do Norte e à Lua cheia.

P´ra sempre.

III

 

Acordo ao meio-dia. A noite foi alta. É Agosto.

O Sol brilhante e quente, estala o corpo.

A luz cai implacável, a gosto.

Os homens da praia vão ao mar angariar sustento.

O mar, está calmo, sereno, azul,

Lá longe, a apontar a Sul.

 

IV

Sophia, grande e nobre poetiza,

Acabou de cair um grande nevoeiro sobre o mar,

Tudo fica qual cinzento,

Pardacento.

Como a tua alma ficaria, Sophia.

Mas ouço o rom – rom das ondas,

E apenas lá longe vejo, uma luzinha trémula,

De algum barco perdido.

Fico dormitando o silêncio da razão,

E que penso eu?

Faz-me falta o teu azul,

Mesmo aquele do quebra-mar,

Ó mar.

 


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