Quando o tempo avança e urge,
Mesmo com subtis indícios,
Bem na alma um espinho surge,
Qual prefácio de suplícios.
São já décadas de lida
De cosmética diária
P’ra esconder a idosa vida
De qualquer “sexygenária”.
Sob os cremes mais diversos
Rugas há que ostentam dor
E nos olhos já submersos
Rímel preto dá-lhes cor.
Ilusões de juventude
Há nas roupas com espartilhos
Que revelam a atitude
Em ser como os próprios filhos.
Mais parece ir p’ró liceu
Tal donzela aperaltada,
Mas a face é de um museu,
De já tanto retocada.
De beleza é tão faminta,
Que de talcos põe o pó…
– Vê-se ao espelho: têm 30
Os 60 desta avó!
O pior é que amanhã
O botox, então, rebenta.
A cosmética é tão vã,
Que parece ter 70!
Uma década comprova
Que o relógio idade tem…
– A donzela, outrora nova,
Tem agora quase 100!!!