Uma pergunta que hoje todos fazem é esta como será possível haver um Governo de direita sem o apoio do Chega? Conseguirá o PSD chegar à maioria absoluta?
Conseguirá o PSD chegar à maioria absoluta?
E se ganhar as eleições com maioria relativa, o Chega disponibilizar-se-á a viabilizar o Governo mesmo não participando nele?
Ou o PS abster-se-á, para não se tornar o Governo dependente da extrema-direita ´racista e xenófoba´, como os socialistas dizem?
São tudo perguntas sem respostas.
É impossível adivinhar,
Mas é preciso começar a discutir estes problemas, pois o cenário vai inevitavelmente colocar-se.
Montenegro não parece capaz de criar um ´onda laranja que leve o PSD à maioria absoluta.
E o Chega, com os valores indicados pelas sondagens, dificilmente deixará de ser imprescindível para a existência de uma maioria de direita.
É neste contexto que Fátima Bonifácio perguntou: ´E por que não? ´
Por que não um Governo com o Chega ou o apoio do Chega?
Eu vejo a questão muito difícil, não por preconceito, não por medo do ´racismo´ e da ´xenofobia´ o Chega, mais por outras duas razões o Chega é o partido de um homem só, sem quadros, e André Ventura é demasiado narcisista e individualista, tornando-se facilmente um fator de desestabilização.
Governo dependente do Chega não duraria muito.
E, no entanto, acho que um partido como o Chega faz falta ao sistema, pela simples razão de que o atual modelo político não tem futuro – e os partidos do sistema não estão afins de o modificar.
Como escrevi há dias, Portugal encontra-se hoje metido num círculo infernal.
Que é este: temos um Estado-providência muito pesado (com gastos gigantescos na educação, na saúde e na segurança social, com muitos subsídios a gente que não trabalha, com encargos cada vez mais elevados pensões de reforma, visto que a população esta, envelhecer), e este Estado exige, para se financiar, uma carga fiscal enorme, ora esta carga fiscal asfixia a economia, levando a que os salários sejam baixos, e os salários baixos favorecem a emigração dos qualificados e desincentivam o trabalho dos menos qualificados, que preferem ficar em casa a receber o RSI ou o subsídio de desemprego, e estes subsídios, juntamente com todos os outros encargos, representam uma despesa enormíssima para o Estado, que obriga a uma brutal carga fiscal. E assim se fecha o círculo.
Os países desenvolvidos conseguem viver com este modelo de Estado-providência – embora cresçam cada vez menos – mas Portugal, no estádio de desenvolvimento em que se encontra, não consegue.
Para Portuga, este modelo é fatal.
Constitui um travão ao desenvolvimento.
Assim, nunca vamos sair da cepa torta.
Estamos muito contentes com o crescimento à volta de 2,5% previsto para este ano, que será dos maiores da União Europeia, mas precisaríamos de muito mais para não nos atrasarmos em relação ao pelotão da frente.
É que, em termos de volume, os 2,5% o PIB português representa uma migalha comparativamente ao 1% numa economia desenvolvida.
Trata-se de um caso típico em que as percentagens enganam.
Se o PIB de um país passar de 100 para 102,5 crescerá os tais 2,5%, mas se passar de 500 para 505, crescerá apenas 1% – e, no entanto, em termos de volume, crescerá 2 vezes mais e aumentará a distância para o outro.
Portugal precisaria de um Governo que rompesse com aquele círculo infernal.
Mas o PSD não o fará.
Os partidos do sistema não o farão.
Para a importância de um partido como o Chega para agitar as águas.
Para ganhar peso, porém, não lhe bastará conquistar eleitores, tem de ser capaz de atrair quadros, de deixar de ser o partido de um homem só, e de abandonar certos excessos.
É nesta encruzilhada que Portuga se encontra.
Ou o PSD se assume como um partido capaz de fazer ruturas e de pôr em causa o politicamente correto – afastando-se de um certo ideário social-democrata que é bem-intencionado, mas neste momento é utópico – ou o Chega ganha o corpo e alguma respeitabilidade, tornando-se uma verdadeira alternativa.
As coisas como estão, com um Montenegro sem coragem para pisar o risco e um André Ventura demasiado e enfant terrible, é que não levam a direita a lado nenhum.
Assim, neste momento, por muito que custe a alguns, a direita não é alternativa.
Só que a realidade tem muita força – e o que estamos a ver pela Europa fora são coligações que juntam a direita e a extrema-direita.
E chegará a vez de Portugal.