Chegou, mais uma vez, a hora de Coimbra saudar a sua Rainha. As Festas da Cidade e da Rainha Santa Isabel voltam a conciliar a vertente religiosa com um atrativo cartaz de animação, celebrando a cidade e a sua padroeira ao longo de vários dias. Apesar da ausência tão sentida das grandiosas procissões, devido à pandemia, a Rainha Santa vai poder ser venerada no andor, no centro da Igreja, convidando Coimbra a visitá-la no seu santuário neste ano em que volta a não poder descer à cidade.
“Se a Rainha não pode ir visitar a cidade, convidamos a cidade a vir visitá-la ao seu santuário”. É este o convite que a Confraria da Rainha Santa Isabel faz aos muitos fiéis neste ano em que, mais uma vez, a pandemia da covid-19 levou ao cancelamento das grandiosas procissões. Assim, mesmo sem poder descer à cidade, a imagem vai poder ser venerada no andor, no centro da Igreja Rainha Santa, na próxima semana, de segunda feira a domingo (5 a 11 e julho).
A Confraria quer, desta forma, permitir que os devotos possam aproximar-se da Santa, numa manifestação de fé que decorrerá com todas as normas de segurança mas que permitirá que população e visitantes possam “abraçar” e saudar a padroeira da cidade.
A exposição da imagem da Rainha Santa Isabel na Igreja é o ponto alto das celebrações religiosas, um momento que está a ser preparado com rigor, para que todos a possam visitar no seu santuário, no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.
O presidente da Mesa Administrativa da Confraria, Joaquim Costa e Nora, explica que todo o processo é semelhante ao que sucederia nas habituais procissões. Os Irmãos vão retirar a imagem da Santa do altar e vão colocá-la no andor no final da tarde de domingo, de forma a que possa começar ainda nesse dia a sua ornamentação, que será efetuada pela florista e por algumas Irmãs da Confraria. No total, o andor é enfeitado habitualmente com cerca de 3.000 rosas e pesa aproximadamente uma tonelada, um peso significativo para os cerca de 40 homens que se vão revesando no seu transporte no ainda longo percurso das procissões, de Santa Clara à Baixa de Coimbra.
O andor vai ser enfeitado como se fosse para sair em procissão mas vai ficar colocado no centro da Igreja, onde será criada uma zona de segurança, numa exposição igual à que sucede habitualmente na Igreja de Santa Cruz, quando a imagem desce à cidade. Inicialmente a exposição era para decorrer apenas de segunda feira à tarde, a partir das 15h00, até à manhã de sábado, dia 10, mais durante a semana para evitar grandes aglomerações. Contudo, fruto dos muitos pedidos recebidos, a Confraria decidiu prolongá-la por todo esse fim de semana, de forma a permitir que todas as pessoas que o desejarem possam venerar Santa Isabel, estando a Igreja aberta durante todo o dia com esse fim.
Costa e Nora adianta que não estão previstas quaisquer inscrições para estas visitas mas assegura que haverá controlo nas entradas, para evitar grandes ajuntamentos. “As notícias não são as mais favoráveis e precisamos de ter muito cuidado. Tudo está a ser preparado de forma muito cautelosa e com muita segurança”, realça.
No dia 11 de julho, por volta das 19h00, a imagem da Rainha Santa Isabel regressará então ao altar, esperando todos que no próximo ano possa sair novamente à rua, nesta manifestação de fé e de profunda emoção que envolve tantos milhares de pessoas.
Reaproximar população dos espaços da Confraria
A Confraria pretende, com o programa cultural e religioso que promove, (re)aproximar da Igreja da Rainha Santa e dos seus restantes espaços a comunidade, sendo acauteladas todas as medidas da Direção Geral de Saúde (DGS) para que o possam fazer em segurança.
Recorde-se que foi ao som da música que lançou este convite, com um ciclo de concertos musicais nos belos claustros do Mosteiro. Este programa abriu no dia 20 com o espetáculo da Orquestra Clássica do Centro, que apresentou uma peça inédita alusiva aos 750 anos do nascimento terreno da Rainha Santa Isabel; e continuou no dia 24, com o concerto “Santa Isabel, Mulher, Mãe e Rainha”, pela Banda da Sociedade Filarmónica, Recreativa e Beneficente Vilanovense, de Vila Nova de Anços, e pelo Coro de Santo Agostinho da Igreja de Santa Cruz, de Coimbra. No sábado passado atuou o Coro Sinfónico Inês de Castro, num espetáculo que evocou também factos da vida da Rainha Santa Isabel, particularmente do seu casamento com o Rei D. Dinis.
De acordo com Costa e Nora, para além dos bons momentos musicais, estes concertos pretendem “chamar as pessoas para a solenidade”. Esta tradição vem, aliás, do passado, com a Gala das Rosas que se realizava no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV). Como a pandemia obrigou, nestes dois anos, ao seu cancelamento, a Confraria optou por este novo formato, trazendo a música aos seus espaços, esperando, contudo, que a Gala das Rosas possa regressar também no próximo ano ao TAGV.
Este ciclo continua depois em julho, com mais dois concertos religiosos, nos claustros, um de canto polifónico, pelo Coro de Santo Agostinho, e outro de canto gregoriano, pelo coro masculino Capela Gregoriana Psalterium e pelo coro feminino Vox Aetherea. O primeiro realiza-se a 8 de julho, às 21h30, precisamente no dia em que se realizaria a procissão noturna da penitência, com a descida da Rainha à cidade. O segundo, de canto gregoriano, está marcado para dia 10, à mesma hora. Estes espetáculos são gratuitos, mas sujeitos a inscrições, tendo cada um capacidade para cerca de 200 pessoas, de forma a acautelar o distanciamento social.
A Confraria explica que o encerramento deste ciclo foi antecipado, uma vez que a 16 de julho (dia de devoção especial a Nossa Senhora do Carmo e do aniversário do nascimento terreno de Santa Clara de Assis) vai acolher, às 19h00, na Igreja da Rainha Santa Isabel, um recital de música clássica, um evento promovido pela Câmara de Coimbra e pelo grupo Magna Ferreira, no âmbito da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027.
“Queremos chamar a atenção para os espaços que temos, que são de todos e que estão preparados para os receber e servir”, assegura Costa e Nora, recordando que todos os espaços da Confraria são, pelo seu esplendor e valor patrimonial e emocional, dignos de uma visita, como o Coro Baixo, o Coro Alto, os Claustros, a Sala do Capítulo, a Igreja e mesmo toda aquela zona envolvente, com a sua magnífica vista sobre a cidade.
Eucaristia de domingo sujeita a inscrição
A exposição da imagem da Rainha Santa Isabel, de 5 a 11 de julho, vai ser precedida das tradicionais celebrações religiosas, que têm como ponto alto a eucaristia de domingo, Dia da Cidade de Coimbra e da sua padroeira. Marcada para as 11h00, na Igreja da Rainha Santa, esta cerimónia vai ter lotação condicionada, sendo por isso obrigatória a inscrição.
De acordo com o presidente da Confraria, Costa e Nora, na Igreja poderão estar cerca de 100 pessoas, sendo estes lugares reservados preferencialmente aos convidados, Confrades e Irmãos. Mas, tal como sucedeu já no ano passado, a missa vai ser transmitida online, através das plataformas digitais da Confraria, e também em dois ecrãs gigantes, que vão ser colocados nos claustros, onde haverá cadeiras para as pessoas se sentarem. Com o distanciamento social garantido, este espaço terá capacidade para receber entre 200 a 300 fiéis, adianta Costa e Nora.
O programa religioso começou ontem com a pregação do tríduo preparatório da solenidade, celebração que continua hoje e amanhã, às 21h00, e que está a cargo do sacerdote diocesano e confrade da Confraria, Nuno Fachada Fileno.
No domingo, às 11h00, é celebrada então a eucaristia, pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, que, no final, inaugura, nas galerias superiores dos claustros do Mosteiro, uma exposição histórica de “ex-libris” que foram apresentados ao longo dos tempos nas festas em louvor da Rainha Santa Isabel. Ainda no domingo, às 16h30, na Igreja da Rainha Santa Isabel, é mandada celebrar, pela Real Ordem de Santa Isabel, a tradicional missa de ação de graças “pela exemplar vida acontecida da excelsa padroeira da cidade de Coimbra”.
Exposição recorda história e tradições das festividades
A Confraria da Rainha Santa Isabel vai recordar algumas das tradições, vestimentas e outros artefactos associados à Rainha Santa Isabel e ao seu culto. Esta exposição histórica vai ser inaugurada no domingo pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, nas galerias superiores dos claustros do Mosteiro, depois da eucaristia das 11h00.
Trata-se de uma exposição histórica de “ex-libris” que foram apresentados ao longo dos tempos nas festas em louvor da Rainha Santa Isabel. De acordo com o presidente da Confraria, Joaquim Costa e Nora, o espólio é composto, sobretudo, por motivos que fizeram parte das procissões ou a elas ligados, como anúncios, cartazes, colchas, trajes antigos dos Confrades e Irmãos, vestes das Irmãs e o antigo estandarte da Confraria. Estará ainda nesta exposição, realizada em colaboração com a Câmara Municipal de Coimbra, a imagem antiga da Rainha Santa.
Costa e Nora diz que alguns destes “ex-libris” devem fazer ainda parte das memórias de muitas pessoas, havendo outras que as irão poder apreciar pela primeira vez.
A mostra vai poder ser visitada no horário do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, das 9h00 às 18h30, até 26 de julho.