Chama-se “Saco da Baixa” o projeto inovador que visa atenuar o isolamento social e a solidão no centro histórico de Coimbra, promovendo vivências comunitárias entre os idosos.
Depois do confinamento imposto pela pandemia, que levou necessariamente a um maior isolamento e solidão dos idosos, este projeto procura agora inverter essa tendência, apostando na arte como ícone de união e motivação para as senhoras idosas que residem neste território, bem como também para as mulheres que se encontram desempregadas, com mais de 55 anos.
São muitas as entidades que se associam e dão vida a este projeto de integração e transformação social. Promovido pela Associação Há Baixa, no âmbito do programa Partis & Arts for Change, e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação La Caixa, conta ainda com o apoio da República Portuguesa – Cultura/Direção-Geral das Artes e tem como parceiros a Atlas – People Like us, a União de Freguesias de Coimbra, a Casa da Esquina, a Rádio Universidade de Coimbra, o Jornal Mundus, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, a Faculdade de Economia da UC, o Departamento de Engenharia Informática da FCTUC (curso Design e Multimédia) e a Ageing Coimbra.
Pretende ser “um saco de afetos”, para “encher” ao longo deste e do próximo ano. Vai desenvolver-se na Baixa, no “coração” da cidade, uma zona onde o envelhecimento é bastante evidente, bem como os problemas sociais. “O nosso objetivo é criar um laboratório criativo intergeracional na Baixa, onde se promova o encontro e o cruzamento entre as artes manuais tradicionalmente associadas à mulher – costura, bordado, tricot – e as práticas artísticas do design (gráfico, têxtil), da ilustração e da serigrafia”, explicam os promotores.
Estas oficinas vão colocar “em diálogo” práticas manuais tradicionais com as novas abordagens artísticas e tecnológicas. A ideia é, como realça a organização, “criar um espaço de encontro entre pessoas de várias gerações e com experiências de vida diversas”.
“Numa altura que tentamos recuperar o normal convívio, é da maior importância criar momentos de contacto e troca de experiências e afetos entre os mais velhos e os mais novos, para a construção de sociedades mais coesas, fraternas e solidárias”, explica.
Assim, para além da sua vertente criativa, este projeto visa criar também laços de amizade e contribuir para melhorar a vida de quem vive nesta área da cidade, contribuindo também para criar uma imagem renovada da Baixa para todos os que desejam usufruir plenamente da cidade.
De acordo com Catarina Pires, da Associação Há Baixa, serão desenvolvidas pelo menos 10 oficinas muito variadas ao longo deste ano e do próximo, que terão entre sete e 12 participantes. As oficinas vão decorrer na Baixinha, numa antiga loja da Rua Eduardo Coelho, adaptada para este efeito. A primeira vai realizar-se já amanhã, entre as 10h00 e as 17h00, incluindo almoço. A segunda vai decorrer na próxima semana, de terça feira a sábado, das 14h00 às 18h00. Todas as oficinas são de participação gratuita, deixando Catarina Pires um apelo às senhoras para que se inscrevam e para que participem neste projeto intergeracional.