Portugal perdeu perto de 300 mil pessoas nos últimos nove anos, entre 2010 e 2019, sendo este último ano o primeiro em que se registou um aumento da população, mais 19.300 comparativamente a 2018.
Esta é uma das conclusões de um estudo que a Pordata – base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos – divulgou para assinalar o Dia Internacional das Migrações, que hoje se comemora. Esta análise, hoje divulgada, contempla 16 destaques estatísticos sobre o contributo do saldo migratório na dinâmica da população, a evolução e características dos emigrantes e imigrantes, a importância das remessas e o número e composição da população estrangeira a residir em Portugal.
Os números tornados públicos dão, também, conta que, entre 2011 e 2019, quase um milhão de pessoas saiu de Portugal (923.327) e, destas, quatro em cada 10 (369.536 pessoas) saíram do país de forma permanente (por um período igual ou superior a um ano).
Por outro lado, no ano passado, entraram em Portugal cerca de 73 mil pessoas com a intenção de permanecer no país, mais 40 mil do que em 2009. Os números revelam, ainda, que apenas três por cento da população empregada no país é estrangeira, sendo esta a “mais vulnerável ao desemprego”. No ano passado, a taxa de desemprego atingiu quase 12 por cento da população ativa estrangeira e seis por cento da população ativa nacional, revela a Pordata.
A nível de população estrangeira em Portugal, o país ultrapassou em 2019 a fasquia do meio milhão com estatuto legal de residente, no total cerca de 590 mil estrangeiros (entre os quais 150.919 brasileiros, 37.110 cabo-verdianos, 34.358 britânicos, 31.065 romenos e 29.706 ucranianos). As comunidades que mais cresceram nos últimos 10 anos foram a nepalesa (25 vezes mais, embora a comunidade não ultrapasse os 17 mil cidadãos), a italiana (seis vezes mais) e a francesa (cinco vezes mais). A comunidade indiana triplicou, enquanto que as comunidades espanhola, chinesa e britânica duplicaram.
A região do Algarve lidera na lista dos municípios portugueses que registam mais estrangeiros no total da sua população residente, com oito concelhos – Vila do Bispo, Albufeira, Lagos, Odemira, Aljezur, Tavira e Loulé.
No que toca às remessas dos emigrantes, atingiram em 2019 os 3,6 mil milhões de euros e equivalem a 1,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo os dados da Pordata, Portugal é o terceiro país, a seguir à Croácia e à Bulgária, com maior peso de remessas em percentagem do PIB.
De referir ainda que são os homens que continuam a emigrar mais, representando genericamente 2/3 do total de emigrantes e, desde 2013, cerca de metade dos emigrantes permanentes têm 30 anos ou mais, com a exceção de 2019.