29 de Abril de 2025 | Coimbra
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Orlando Fernandes

Pena em Riste: Enganaram os pensionistas

23 de Setembro 2022

António Costa cumpriu na passada segunda-feira, um dos seus números políticos mais engendrados desde que é primeiro-ministro.

Apesar da apresentação pública feita de incauto e rasgado sorriso no rosto o ´pacote ´- como gostam de lhes chamar – acabou por sair ao contrário à máquina socialista: aquilo que parecia um presente para os portugueses (e para o próprio Governo), acabou por sair envenenado para ambas as partes.

Em primeiro lugar, convém lembrar que esta foi uma resposta tardia a um conjunto de problemas que há muito afeta a vida dos portugueses. Ficou, de resto claro à evidência de todos que a apresentação do plano foi suscitada apenas e só pela necessidade que o Governo teve de responder ao plano apresentado pelo PSD.

Há já vários meses, Luís Montenegro, no congresso que o entronizou, deixou clara a necessidade da aprovação de um programa de emergência social, tendo ao longo de todo o verão, continuando a exigir medidas efetivas e com impacto para as famílias portuguesas.

Durante meses, Luís Montenegro falou abertamente e no espaço público sobre as medidas que propunha exigindo e apresentado propostas concretas que a máquina socialista preferiu fingir que não ouvia, prolongando a agonia dos portuguese no tempo.

O Governo tinha condições para apresentar estas medidas há muitos meses, como o fizeram os outros países europeus. Da Itália à Grécia de França a Espanha, todos apresentaram maiores apoios (em percentagem do PIB) e muito antes do governo português, que durante meses enganou os portugueses com a mais variada retórica.

Note-se, a título de flagrante exemplo, a falsa alegação de que o Governo não tinha competência para baixar o IVA sobre a energia sem autorização da Comissão Europeia, quando todos os outros países já o faziam.

No entanto, para além da questão temporal, falemos também e sobretudo da substância. É que, se é certo que os apoios são poucos e não vão resolver os reais problemas dos seus destinatários, também é certo que há muitos portugueses que foram esquecidos (onde estão por exemplo, os jovens no meio plano?).

Mas ainda houve pior também há os que foram prejudicados. Sim: prejudicados. E provavelmente os que mais precisam.

António Costa tentou passar a ideia de que os pensionistas e os reformados iriam beneficiar de um aumento nas suas pensões. Mas não lhe disse o mais importante: que lhes vai oferecer um bónus em 2022 para, em 2023, lhes reduzir o mesmo valor na atualização das pensões que seria obrigatória por força da lei

Vai, portanto, pagar-lhes menos do que aquilo a que estaria obrigado por força da mera aplicação da lei.

Ao contrário do que o PSD queria fazer – atribuição de um apoio extraordinário de 160 a todos os pensionistas e reformados que recebem menos de 1108, garantindo a atualização prevista na lei em 2023 e para o futuro -, o Governo de António Costa fez com que a partir de 2023 e de forma permanente, as pensões passem a ter um corte face ao acréscimo que seria obrigatório por lei. E esta perda, ao contrário do pequeno ganho de 2022, é para sempre onerará as vidas dos pensionistas e dos reformados até aos últimos dos seus dias.

Ora, António Costa e o PS deram, assim, uma enorme machadada num grupo de pessoas que ainda imputavam responsabilidades (mesmo que infundadas – mas é a tal diferença entre a ´perceção´ e a ´realidade´) ao PSD. É que, ao contrário do PSD, António Costa, de forma livre, deliberada e voluntária está mesmo a cortar pensões e reformas, retirando a quem mais precisa as prestações que tinham por garantidas e que eram suas por direito.

António Costa, não lhe bastasse todos os problemas e polémicas que tem vivido nos últimos meses, na passada segunda-feira, cometeu. Porventura, o seu maior pecado. Um pecado que ninguém lhe perdoará.

 

 


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