O ÁS DO PEDAL é um título que parece enrugado pelo tempo. O HOMEM DO DIA também não serve pois foi a designação de um filme com Maria Dulce e com o inesquecível ciclista português Alves Barbosa que retratou a vida e os êxitos deste consagrado praticante campeão e treinador de ciclismo. Depois dos êxitos nacionais o Tó Barbosa conseguiu proezas a nível internacional. Mais tarde foi Joaquim Agostinho quem, num efeito surpresa, é apanhado por olheiros numa prova velocipédica de proximidade e que o levam para a alta roda da modalidade e para os grandes sucessos internacionais. Agostinho tem um museu na sua terra e estátua o que é justificado. ALVES BARBOSA, natural da Figueira da Foz, mas residente desde o berço em Montemor-o-Velho, tem uma escultura linda e vanguardista que o representa na rotunda de acesso à Autoestrada 14, entrada do lado de Coimbra. O executivo municipal de EMÍDIO TORRÃO esteve muito bem ao consagrar o campeão local naquela rotunda. Contudo, há falta de informação visível à distância para quem por ali passa com olhar desprendido perante a História do ciclismo luso. Seria interessante, haver à volta da rotunda, e para além de uma referência já existente junto à escultura, uma outra inscrição a ser vista da estrada por condutores e passageiros de viaturas, algo como ROTUNDA ALVES BARBOSA – CAMPEÃO DE CICLISMO. Com o passar do tempo até pessoas da terra podem esquecer este campeão e sei que para muitos aquela é, apenas, a “rotunda do ciclista”. Pedalando, neste cronicar de hoje, saúdo um grande Campeão dos Tempos Modernos: o ciclista português JOÃO PEDRO ALMEIDA. É um jovem e tem estado em foco no recente GIRO DE ITÁLIA que acaba neste domingo. Na passada terça-feira JOÃO ALMEIDA teve um desempenho apoteótico, em montanha, e ganhou uma etapa ficando em segundo na geral. No momento em que escrevo não posso prever o que lhe acontecerá no final deste Giro, pois há imponderáveis, mas tenho uma certeza, a de que JOÃO ALMEIDA é um campeão e é, no presente, um dos melhores ciclistas a nível mundial. É um orgulho para Portugal pois já não nos satisfazemos com um lugar no top-ten o quadro dos dez melhores. Agora, em Portugal, pensamos sempre em grande e na excelência.
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Para Portugal ser efetivamente grande, e a crescer em vários setores, é preciso atacar de base alguns problemas da nossa vida comportamental. Já não andamos com os bois a lavrar a terra, mas não podemos continuar a registar um número tão elevado de mortes na condução de tratores. O que estará a falhar? Por que razão é também tão elevado o número de acidentes rodoviários com motociclos? Por que razão em vez daquilo que alguns consideram “caça à multa” não optamos por informações bem visíveis de aviso de controlos de velocidade? Por que razão vemos, demasiadas vezes, a sinalética desatualizada, ou mal pintada e quase invisível ou com ervas ou com arbustos a taparem-na?
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Quem me dera ver, neste próximo domingo, um português a pedalar com a camisola rosa e, igualmente, todo o país, a sprintar para a meta do progresso com dedicação, trabalho, motivação e classe.
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Termino hoje com um alerta académico para a malta jovem que enverga capa e batina por Coimbra. A tradição já não é o que era, diz uma frase publicitária, mas não compreendo que alguns dos atuais estudantes tracem a capa de uma forma esquisita e julgo que pouco conforme o estipulado pela praxe – conjunto de usos e costumes académicos. E fico horrorizado pela deturpação feita no emblema da Associação Académica com alunos a pintarem com a respetiva cor da sua Faculdade aquele brioso emblema. É uma ofensa ao original e à face moral do direito do seu autor. O Dux Veteranorum (por inerência presidente dos Veteranos) e os Antigos Estudantes precisam de evitar uma espécie de abandalhamento da praxe com cada um a fazer o que quer. Aliás, já vi interiores de capas com emblemas de clubes de futebol quando o único emblema permitido, para além do símbolo da Faculdade ou Escola Superior a frequentar e do brasão da localidade de origem do estudante, é o da Associação Académica de Coimbra. Ou estarei enganado e a tradição académica já não é mesmo o que era? A singularidade do Estudante de Coimbra, a respeitar comportamentos de êxito no passado, deve ser um objetivo tal como a excelência do ensino nas nossas Faculdades e Escolas Superiores. Caminhar para um Futuro com Progresso e Prosperidade, sim, mas a respeitar a idiossincrasia da Coimbra Académica.