13 de Junho de 2025 | Coimbra
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Ourivesaria C. Ferreira é a única em Coimbra com oficina própria

9 de Agosto 2024

Ao passar na porta 106 da Rua da Louça, na Baixa de Coimbra, encontra a Ouriversaria C. Ferreira, que ali se situa há mais de 20 anos. Não será, certamente, difícil distingui-la das demais em redor, tanto pelo tipo de serviços que oferece, como pela cara jovem que se encontra atrás do balcão.

O estabelecimento, que tem passado de umas gerações para as outras, tendo estado sempre na mão dos Ferreira, é agora gerido pela benjamim da família, e passou a ter um nome mais completo: Ourivesaria C. Ferreira por Juliana Ferreira.

A jovem de 23 anos é licenciada em Design de ourivesaria e proprietária do espaço há cerca de cinco meses, mas conhece o negócio melhor que ninguém.

“Trabalho nisto desde que me lembro de ser gente”, explicou a ourives ao Despertar.

Ser ourives na Baixa da cidade?

Consciente da crise que se vive no país e que se sente, de forma intensa, na Baixa de Coimbra, Juliana Ferreira mostra-se confiante no futuro e explica que, até ao momento, o negócio tem corrido “bem”.

“São tempos difíceis, mas, sinto que, gradualmente, as coisas vão melhorando e isso é fundamental. É o mais importante neste momento”, confessa a lojista.

A loja, que vende artigos em ouro, prata, bilaminados e lembranças de batismos, comunhões, 25 e 50 anos de casamento, é muito procurada, principalmente pelas “pessoas de mais idade e pelos turistas”, sendo que o ouro e a prata “são o nosso forte”.

Sendo os turistas considerados “bons clientes”, a jovem ourives conta que “são todos diferentes”, visto haver “os que entram, experimentam e não levam nada e os que escolhem cinco ou dez peças, não experimentam e pronto, está decidido”.

Juliana Ferreira considera que no verão, o movimento na Baixa se intensifica, verificando-se que o número de vendas à semana e ao fim de semana não varia muito.

“Nos meses mais mortos, como outubro e novembro, as pessoas ficam mais por casa ao fim de semana, ou então optam por ir para outros locais”, revelou ao Despertar.

Todavia, nos meses em que há batizados e comunhões “as pessoas vêm mais ao sábado, talvez porque só têm essa oportunidade para cá passar. Isso, para nós, é ótimo”.

Além da crise, que dificulta um pouco as vendas, Juliana Ferreira aponta as obras e os estacionamentos pagos como um fator para a menor afluência que tem havido na Baixa nos últimos tempos e conta que também o seu negócio é afetado.

Ainda assim, os clientes habituais vão-se sempre mantendo, uma vez que muitos “vêm de transportes públicos, mas esses vêm de propósito porque já nos conhecem. Agora, as pessoas que se encontram noutra zona da cidade não têm tanta disponibilidade para cá vir”.

Questionada pel’O Despertar acerca daquilo que se pode fazer para aumentar as vendas, a proprietária da ourivesaria disse não ter dúvidas de que terminar as obras na cidade o mais rapidamente possível será um bom começo, confessando ter esperança que a passagem do metrobus (ainda em construção) venha ajudar no crescimento do número de pessoas interessadas em visitar a Baixa. “Vai trazer muita gente à Baixa, o que é muito bom”, remata.

Embora Juliana Ferreira saiba que o negócio não está fácil para muitos dos seus “companheiros” de comércio tradicional, mostra-se satisfeita por possuir um estabelecimento numa rua que, “não sendo a mais movimentada, é frequentada por muita gente diariamente, uma vez que as pessoas passam aqui para se dirigirem ao centro”.

A jovem comerciante considera que “evolução” é a palavra que tem descrito o negócio desde o dia em que adquiriu o estabelecimento e explica que a diferença se tem notado de mês para mês, “tendo havido um crescimento gradual de vendas e clientes”.

De momento, a proprietária conta apenas com um funcionário e, juntos, têm dado conta do recado.

A ourivesaria funciona de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 18h00, e ao sábado e feriados, entre as 9h30 e as 13h00. Domingo é dia de descanso do pessoal.

O que distingue a C. Ferreira das restantes ourivesarias da cidade

Desenganem-se os que acham que esta ourivesaria é mais uma no meio de outras tantas. A Ourivesaria C. Ferreira, por Juliana Ferreira é a única em toda a cidade que conta com oficina própria, na qual são feitos arranjos, restauros e produção de alianças em ouro e em prata, entre outros.

Pelo facto de, no momento, não haver mais lojas a oferecer serviços de conserto, a ourivesaria de Juliana Ferreira tem parceria com alguns estabelecimentos da Baixa, de Celas e da Solum.

De acordo com a proprietária da loja, as pessoas costumam recorrer à C. Ferreira tanto para comprar como para arranjar peças, apesar de, ultimamente ter-se verificado “mais trabalho lá para cima na oficina do que aqui nas vendas”.

A jovem ourives contou ao Despertar que aquilo que mais aparece para reparação são “pulseiras ou fios que rebentam e brincos que se partem na parte de trás. Essas pequenas soldas são o mais comum. Depois também temos alianças para alargar, para apertar ou cravar pedras que tenham caído do anel. Fazemos uma grande variedade de trabalhos”.

Embora o facto de o negócio da jovem ter oficina própria não ser muito divulgado ainda, “é muito bom” para o crescimento do mesmo.

“Há peças que valem muito a pena o arranjo, principalmente se forem em ouro ou prata, que são materiais que duram a vida toda”, revela a proprietária.

Contudo, não é a primeira vez que a Ourivesaria C. Ferreira possui oficina própria, uma vez que, na altura em que o avô de Juliana Ferreira estava à frente do negócio, também surgiu a ideia, que foi concretizada.

Agora, depois de dar o seu percurso académico por terminado, Juliana Ferreira voltou a abrir uma oficina, tendo em conta que “tinha todo o sentido que o fizesse”.

A jovem abriu a oficina com o objetivo de se dedicar à criação de peças, “só que na Baixa não há público para isso” e, portanto, acabou por optar pelo conserto de artigos e confessa ter sido “uma boa decisão”.

Segundo a proprietária, as peças são, muitas vezes, arranjadas no próprio dia, pelo facto de as pessoas não se sentirem confortáveis a deixar os artigos para arranjar durante três ou quatro dias, seja pelo valor material ou sentimental e, por essa razão, o funcionário da ouriversaria arranja tudo rápido, “no tempo de o cliente ir dar uma volta ou tomar um café e voltar para vir levantar a peça”. “Acaba por ser vantajoso para nós”, remata.

O Despertar quis saber se Juliana Ferreira descarta a ideia de produzir as suas peças, e a jovem designer explicou, sem hesitar, que “não. Quem sabe se daqui a uns tempos não passamos para o fabrico próprio”.

A proprietária garante que não vai baixar os braços para poder ver o seu negócio a crescer e que, por isso, pretende, brevemente, fazer obras no estabelecimento “para dar outra vida ao espaço”, porque “um bom ar” é um aspeto essencial para atrair clientes. Ainda assim, a jovem pretende manter a configuração do espaço, por forma a manter viva a tradição da loja e do negócio, que há tantos anos está nas mãos de familiares seus.

Quanto à situação da Baixa da cidade, Juliana Ferreira explica que “a Baixa tem que evoluir” e garante que, no que depender de si, não vai desistir dela.


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