O Grupo Recreativo O Vigor da Mocidade, o Sport Club Conimbricense e o Olivais Futebol Clube (FC) celebram, na próxima semana, mais um aniversário. O clube de Fala, na União de Freguesias (UF) de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, festeja segunda feira 91 anos; o Sport, referência incontornável na Baixa, no “coração” da UF de Coimbra, celebra 111 na quarta feira; e o clube da Freguesia de Santo António dos Olivais chega no sábado, 6 de fevereiro, aos 86 anos. Todos eles têm uma mística forte na cidade e no país, com um palmarés de importantes conquistas a marcarem a sua história, três percursos longos que honram o desporto e o associativismo. Estes aniversários não são celebrados este ano com as habituais festividades, fruto da pandemia, mas não são esquecidos, com as respetivas Direções a alertarem para as dificuldades que a covid-19 trouxe, com toda a atividade desportiva suspensa, mas a sublinharem que a história é feita de lutas, trabalho e resiliência e que, por isso, não desistirão de continuar a trabalhar para garantir a sustentabilidade e o futuro destas coletividades.
“O Vigor da Mocidade” comemora 91 anos
O Grupo Recreativo “O Vigor da Mocidade” comemora 91 anos na segunda feira, 1 de fevereiro. Uma vida longa e honrosa que o clube de Fala, na União de Freguesias de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, quis assinalar de forma intensa e especial no ano passado, com as celebrações dos 90 anos planeadas para vários meses mas a serem interrompidas devido à pandemia.
Valeu, nesse ano de maior simbolismo, o facto de o clube ter recebido uma prenda pela qual há muito ansiava – o novo piso sintético. O presidente da coletividade, Mário Fernandes, congratula-se com a concretização desse projeto, uma ambição que todos alimentavam há já algum tempo, e espera que a sua utilização plena surja o mais brevemente possível, assim que as condições de saúde pública o permitam.
Os 91 anos do Vigor não vão ser comemorados este ano, apesar da importância que um aniversário sempre tem. Os tempos não são de festa, os ajuntamentos não são permitidos e o apelo é para que todos fiquem em casa. É neste cenário que o clube completa mais um aniversário, menos um ano que o separa do ansiado centenário. Mesmo sem festa, chegar aos 91 é um motivo de regozijo não só para todos os que, direta ou indiretamente, fazem parte da vida da coletividade mas também para a cidade e para o desporto.
“O Vigor da Mocidade” é um desses exemplos raros de longevidade, uma prova de que com a dedicação de muitos e a união de todos é possível chegar muito longe. Está, como todos os outros clubes, agora em suspenso, à espera do retorno à normalidade.
Mário Fernandes assume que, neste momento, “não se pode fazer nada” e a imprevisibilidade da pandemia não permite que se faça quaisquer planos, porque “ninguém sabe quando vai terminar”. Tal como sucede com as restantes coletividades, O Vigor também perdeu atletas, sobretudo da formação. O presidente compreende o receio dos pais que não querem que os filhos realizem sequer treinos (permitidos antes deste novo confinamento). Apesar de algumas crianças terem treinos online, assume que nada se compara ao trabalho em campo, não descurando, contudo, a importância que essas atividades têm para assegurar a ocupação das crianças e manter aceso o gosto pela prática desportiva.
Mário Fernandes aproveita esta ocasião em que o clube completa 91 anos para, em nome da Direção, deixar uma mensagem a todos os associados e simpatizantes, desejando que “tudo corra pelo melhor e que esta pandemia que se abate sobre o país desapareça o mais rapidamente possível para que os clubes, todos em geral, possam voltar às suas normalidades”.
Frisa que “esse é o ponto fundamental”, até porque, como explica, neste contexto não é possível pensar em futebol ou no que é que vai ser feito na próxima época. “É difícil fazermos prognósticos. A pandemia está a arrastar-se há quase um ano e é imprevisível estar-se a discutir o que é que se pode fazer num período mais curto”, realça, apelando a todos para que “se ‘encolham’ o máximo possível para que não sejam apanhados por esta pandemia que atravessa o país e o mundo”. Tendo ele próprio “apanhado” pelo vírus, pede “a todas as pessoas que se defendam” e sublinha que, neste momento, “mais importante que falar de desporto é falar da saúde”.
Sport Club Conimbricense celebra 111 anos
O Sport Club Conimbricense celebra na quarta feira, 3 de fevereiro, 111 anos. Uma data que não será celebrada como habitualmente, fruto da pandemia, mas que a Direção pretende assinalar assim que as condições de saúde pública o permitam.
O presidente do clube, Carlos Ferreira, assume que ninguém esperava que esta situação pandémica se prolongasse por tanto tempo, condicionando toda a atividade do Sport. “Chegar aos 111 anos neste cenário é penoso para todos. Infelizmente é uma realidade que a todos toca e estamos todos ansiosos para que passe”, realça, sublinhando que, apesar dos tempos tristes, é sempre um momento de alegria ver o Sport celebrar mais um ano.
De facto, chegar aos 111 anos é um marco histórico, que deve honrar o desporto, a cidade e a região. A sociedade conhece as dificuldades que o associativismo tem tido que ultrapassar ao longo da história e manter esta longevidade depende da persistência de todos quantos contribuíram para manter o clube vivo e dinâmico, desde as sucessivas Direções aos muitos milhares de atletas que por lá passaram e continuam a passar.
A covid-19 é mais um desses muitos desafios, um desafio de que não há memória, mas que esta Direção está determinada a vencer. Carlos Ferreira lembra que a nova equipa tomou posse em setembro, desde então “pouco ou nada conseguiu fazer” fruto da realidade atual, mas frisa que os projetos são para concretizar. Na presidência há cerca de duas décadas, lembra que o Sport está habituado a enfrentar grandes batalhas, sendo esta apenas mais uma de “um percurso honroso” que merece ser acarinhado por todos. Admite que a adaptação à pandemia “não tem sido nada fácil”, com toda a atividade desportiva parada. “A situação agravou-se muito rapidamente, apenas conseguimos realizar alguns treinos em algumas modalidades mas a maioria, como os desportos de combate que têm contacto, está suspensa”, explica.
O futebol para cegos, uma modalidade que o clube lançou recentemente e na qual foi pioneira, tendo apresentado a equipa em outubro, assim como a escolinha de futsal – anunciada na mesma altura e que tinha já cerca de uma dezena de crianças inscritas -, são dois dos projetos mais recentes que estão suspensos, a par com toda a atividade normal das restantes modalidades.
Carlos Ferreira lembra também que está tudo preparado para a inauguração e abertura do novo ginásio, que resultou de um aproveitamento da zona das bancadas e que irá servir os atletas das diversas modalidades, no Pavilhão da Palmeira, a “casa” do Sport, clube que anseia há longos anos por novas instalações mas que tem procurado “tirar o máximo partido” do pavilhão, situado no “coração” da Baixa e que tem sido uma porta aberta à comunidade sempre que necessário, como sucedeu, por exemplo, na altura da vacinação contra a gripe.
Ao longo do ano, o espaço servia também outras atividades, uma forma de angariar alguma receita nas “horas mortas” mas, com a pandemia, tudo terminou, sendo difícil fazer face às despesas fixas apenas com as quotas dos associados.
“Vamos ver se conseguimos ultrapassar esta crise. Neste momento não há nada que esteja em funcionamento. Vamo-nos adaptando às orientações do Governo e das entidades de saúde, ansiando pelo fim da pandemia e pelo retomar das atividades”, frisa.
Este é um problema que está a afetar todos os clubes e, no caso do Sport, Carlos Ferreira assume que o objetivo é “assegurar o seu futuro”. Neste momento de tanta imprevisibilidade, deixa uma mensagem a toda a “família” do Sport e apela para que “fiquem em casa, para que se cuidem, porque a pandemia existe mesmo e não é nada agradável”. Assegura, ainda, que “podem contar sempre com o Sport Club Conimbricenses para o que for preciso”, esperando que “a pandemia acabe o mais rapidamente possível para que seja possível voltar à normalidade”.
Olivais FC a caminho dos 86 anos
O Olivais Futebol Clube (FC) completa no próximo sábado 86 anos. O típico “clube de bairro” nasceu a 6 de fevereiro de 1935, em Santo António dos Olivais, e rapidamente se afirmou, sendo atualmente um dos conceituados clubes de basquetebol do país, quer pelos títulos conquistados, quer pelo número de atletas, de todos os escalões, que mantém em atividade.
A pandemia está a condicionar o trabalho desta e demais coletividades, afetando aliás todo o normal funcionamento da sociedade, em Portugal e no mundo. Os anos de 2020 e 2021 ficam, portanto, muito em suspenso, com muito por fazer e a obrigar a delinear novas estratégias também nesta área do desporto.
A nova Direção do Clube foi empossada em julho do ano passado, já em contexto de pandemia, o que está a condicionar muitos dos seus projetos, que tinham como prioridade a aposta na formação. O presidente do Olivais FC, António Fonseca Gomes, admite que a pandemia está a limitar todo o trabalho, com o clube a funcionar aos “soluços”. Atualmente todas as atividades estão paradas devido ao estado de emergência mas já antes estavam muito condicionadas. O presidente assume que “as camadas jovens não conseguiam treinar em condições, não havia jogos, sendo muito difícil praticar desporto sem contacto”.
Na formação, o clube perdeu muitos atletas, situação que acaba por ser idêntica à que se vive nos outros clubes. No caso do Olivais tem atualmente 110 atletas, menos 50 do que tinha antes da pandemia começar. O clube regista, no entanto, um aumento no número de sócios, tendo atualmente 405, mais 55 desde que a nova Direção tomou posse.
Os 86 anos do Olivais ocorrem assim neste cenário triste mas, apesar de tudo, a Direção afirma a sua “confiança no futuro”. Recorda que tem muitos projetos para desenvolver, que o contexto ainda não permitiu a sua concretização mas que vão ganhar vida assim que estejam salvaguardadas as condições que garantam a saúde pública.
“São dois anos que a pandemia nos tirou – 2020 e 2021. O nosso mandato vai até 2022, portanto vamos resistindo até lá. Todos os projetos que tínhamos para avançar tornaram-se muito complicados com o clube fechado mas temos a esperança de os poder concretizar”, frisa.
Sobre a perda de atletas, António Fonseca Gomes acredita que “muitos dificilmente regressarão, principalmente os mais velhos”. Sendo o Olivais um clube que aposta muito na formação, com os atletas a subirem de escalão até chegarem às equipas seniores, isso irá dificultar a sua dinâmica. “Habitualmente as crianças entram muito cedo no clube e vão evoluindo até às equipas seniores. Os atletas que estavam nos sub-16 e sub-18 muito provavelmente já não voltam. Vai haver aqui um ‘buraco’, o que significa que vamos ter que esperar uns anos para ter jovens nossos para reforçarem as equipas seniores”, explica.
Assim que a pandemia o permita, será necessário trabalhar no sentido de captar mais jovens. O presidente acredita que “não será difícil, desde que nos seja permitido fazê-lo, dependendo todo o futuro da evolução da pandemia”.
O objetivo passa por “resistir às ondas que agora se levantam, ir gerindo as coisas dentro das possibilidades e ver como nos podemos reerguer no final”. Apesar de não haver festa, este é um momento de celebração para o Olivais, que chega aos 86 anos, uma idade de que todos se devem orgulhar. O presidente do clube deixa a todos os sócios, atletas e a todos aqueles que “sentem e vivem” o Olivais FC uma “mensagem de esperança no futuro, de que todos vamos passar a pandemia e de que vamos voltar mais fortes, cheios de vontade de vencer e de fazer do Olivais um clube ainda maior”.