O VENTO MUDOU E MIMICAT VOLTARÁ TRIUNFANTE?
Oiçam…O VENTO MUDOU…e ela não voltou. Esta frase faz parte da canção de Eduardo Nascimento, de 1967, vencedora do Festival RTP da Canção Portuguesa e que foi representar o nosso país na Eurovisão. O júri de Coimbra creio que privilegiou, nesse ano, uma canção do Duo Ouro Negro. Não admira porque estes angolanos tinham uma ligação ao nosso burgo. No ano anterior, ELE E ELA, na voz de Madalena Iglésias, foi a vencedora. O autor, CARLOS CANELHAS, trabalhava em Coimbra, na Segurança Social, na Sá da Bandeira, e tive oportunidade de o entrevistar com o Zé Oliveira para a Revista CAPA E BATINA. O VENTO MUDOU está, agora, nos meus ouvidos, pois o vento soprou forte nalguns dias desta semana e desejo escrever acerca do FESTIVAL DA EUROVISÃO deste 2023 que decorre em Liverpool. E escrevo ao som deste vento incómodo e nada melódico. A conimbricense MIMICAT está na final de amanhã, sábado, e admito que possa ter um lugar de destaque apesar de a minha intuição apontar na direção da canção da Finlândia como vencedora. Estas coisas, (falar de Mimicat como conimbricense) que alguns consideram minudências, estimulam o ego das cidades e de vários dos seus habitantes. A ligação de MIMICAT a Coimbra dá jeito; Carlos Canelhas estava em Coimbra quando ganhou como compositor e deu jeito à cidade. Este bairrismo, considerado por alguns uma espécie de saloiice, está entranhado em quem se interessa pela sua cidade tal como os entes familiares se interessam, de um modo geral, uns pelos outros. Coimbra vive com alguma população flutuante e precisa de ser mais coesa em socialização e de cultivar o bairrismo, o patriotismo de cidade. É preciso que o reguemos como uma bela flor. Este jornal, O DESPERTAR, sempre se bateu pelos interesses da nossa urbe. Gostamos que debatam a cidade, mas que não haja um bota-abaixo constante, um pessimismo neurótico que pode ser destruidor. Receamos um tertuliar exagerado que pode castrar, embora todas as conversas e debates sejam proveitosos e um salutar exercício de democracia. Neste momento os conimbricenses talvez pudessem, por exemplo, falar em apoiar a construção de um novo aeroporto em Santarém. Gorada a hipótese de Soure, SANTARÉM DARIA JEITO A COIMBRA e à REGIÃO CENTRO e, ainda por cima, é um projeto privado que não vai requerer dinheiro dos contribuintes. E, dentre os locais equacionados para futura construção do novo aeroporto, é o que fica mais perto de nós. AI CORAÇÃO, BEM BOM.
O SENHOR SEBASTIÃO DE MIRANDA DO CORVO
Uma groselha. Julgo que custava 5 tostões. Sentava-me no Café Dueça, em Miranda, a ver televisão ou à espera que nos meus seis ou sete anitos a televisão começasse. O senhor Zé estava sempre por lá. O senhor Sebastião e o outro irmão, o senhor Abel da loja do Senhor Correia, vinham depois de deixarem os seus empregos. O Sebastião estava no Grémio. O Sebastião estava em tudo o que lhe cheirasse aos interesses de Miranda do Corvo. O Sebastião estava no Atlético Mirandense, estava nos Bombeiros, era correspondente de jornais. Estava sempre no caminho da liberdade e da democracia. O jornal República estava num reservado a meio do café, frente à entrada. Porém, este jornal procurava leitores ou era reclamado por leitores enxutos. O senhor Sebastião ensinou-me a ler o República. Ficar-lhe-ei eternamente grato por isso. Colaborou no jornal Centro Desportivo que editei durante alguns anos. Tenho muitas saudades destes irmãos mirandenses e, de forma muito emotiva, do Senhor Sebastião da Cruz Lopes. Deixei Miranda aos doze anos e perdi muitas das caras, até de antigos colegas da Escola primária, porque mudam fisionomias, hábitos, localizações e isso tem sido um desgosto para mim e valham-me reencontros anuais aos quais vou sempre que possível. Agora fiz uma promessa a mim-próprio: Visitar o Senhor SEBASTIÃO ao lado do capitão SALGUEIRO MAIA num mural, na área do antigo Café Dueça, intitulado ABRIL DE MIRANDA de autoria de Guel Do It (Miguel Mazeda) e inaugurado no passado dia 25 de abril. Parabéns à Junta de Freguesia, à Assembleia e ao Executivo Municipal de Miranda por trazerem, de novo, ao nosso convívio, o SENHOR SEBASTIÃO que está, como sempre esteve, bem acompanhado, desta vez, e como escrevi antes, por Salgueiro Maia, o nobre capitão de Abril.