O disseminar cíclico de trotinetas pelos passeios e recantos da cidade constitui uma epidemia que constrange e revolta a população, face àquele tropel de “brinquedos” infantis, que se moldaram numa espécie de biclas elétricas, desprovidas de pedais, para a leviana tentação da juventude que, a propósito de nada, resolve estouvadamente circular pelos passeios e a velocidade desajustada às características daquele suposto veículo.
O busílis da questão radica no patente obstáculo que isso constitui para circulação dos peões nos passeios, sobretudo dos deficientes motores, invisuais, séniores, etc., – que se confrontam com esta insuperável barreira, forjada na lamentável falta de consciência e de civismo dos condutores -, constituindo-os em vítimas dessa prática criminosa que, infelizmente, é espalhada por toda a parte e que vem provocando frequentes acidentes nos passeios e nas passadeiras, como amiúde noticiam os órgãos de comunicação social (cfr. foto anexa).
É facto que o caos se mantém e ainda não ouvimos rumores por parte da Câmara Municipal ou das autoridades policiais competentes com vista à resolução deste descalabro e à punição do cúmulo das infrações cometidas simultaneamente por muitos mentecaptos, que surgem inesperadamente à ilharga, indiferentes ao risco da sua conduta, fascinados pelo prazer que lhes concede a condução daquela perigosa espécie de “andarilho elétrico”.
Portanto, urge que se ordenem os requisitos da circulação consistente destes locomotores, com a fixação total e exclusiva dos pontos (hotspots) de estacionamento, limitação de velocidade (20 kms), contingente máximo em circulação, licenciamento, seguro obrigatório contra acidentes, uso de capacete de proteção, proibição do uso de telemóvel em movimento e da utilização dupla simultânea.
Leu-se, há mais de um ano, que Lisboa havia acordado com os empresários algumas das medidas atrás citadas, a fim de disciplinar o uso deste espécime meio de transporte e que a C. M. de Paris não esteve com contemplações e promoveu a agilização da irradicação pura e simples das trotinetas da cidade, para o que obteve a adesão de 90% dos munícipes, tal era o seu desconforto.
Espera-se que, se ainda não tomaram a iniciativa, a C.M.C. ou as autoridades competentes, exerçam o seu “juz imperium” sem peias nem delongas, que procedam à regulação desta matéria e não fiquem petrificadas a aguardar que aconteça uma desgraça para darem o primeiro impulso à solução, como lhes é peculiar.