4 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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Diogo Amaral

O mundo em perspectiva – porquê falar em Geografia?

29 de Novembro 2024

Num mundo global, onde as distâncias se veem reduzidas e a informação cada vez mais presente, muitas das “profissões do passado” são severamente questionadas quanto à utilidade e permanência no decurso do tempo. Se, por um lado, disciplinas como a Medicina, a Matemática e as Leis compõem a tríade do conhecimento, por outro, os Analistas de Dados, os Dactilógrafos, os Porteiros e Recepcionistas encontram-se restringidos em magros salários e oportunidades escassas – e, se assim é, qual o papel da Geografia?

O século XXI, para além das grandes descobertas tecnológicas, preconiza um período sem precedentes de informação sobre o lugar e o local. E, em dimensões geográficas, o lugar e o local assumem moldes e significados contrastantes. Um, proveniente do lugus, diz respeito ao território e à ocupação humana do local. Outro, estritamente correlacionado à posição de dado ponto no elipsoide de rotação (vulgo sistema de coordenadas). Ora se temos cada vez mais informação (e mais precisa), urge a formação de profissionais capazes de saber ler os dados, interpretá-los e “manipulá-los” (na boa aceção da palavra) para permitir aos decisores políticos e população em geral uma leitura concisa e correcta do espaço, permitindo uma fruição responsável e, desse modo, sustentável.

Na senda dos profissionais capazes de ler e compreender o espaço como um todo, a Geografia assume-se, ainda, como a única disciplina (ou ciência de charneira) capaz de conseguir, de modo plural, abarcar as várias condicionantes que moldam e são moldadas pelo mesmo. O geógrafo, na sua formação, é convidado a experienciar e estudar os meandros das várias ciências “filhas”, “netas” e “bisnetas” da Geografia. Geologia, Biologia, Sociologia, Economia e (até) a Física, são apenas alguns dos braços que um geógrafo pode calcorrear e aprofundar, de modo a dar uma resposta fundamentada aos problemas societais e naturais que advêm da presença e ocupação humana.

Ser Geógrafo, contudo, não é ser um sabichão. A própria Geografia tende a ter profissionais especializados, como os Geomorfólogos, Climatólogos, Politólogos, Economistas, etc. A vantagem deste geógrafo reside nos conhecimentos de base que formulam e precedem a escolha do mesmo na decisão a tomar e na “estrada a percorrer”. O Geógrafo, de um modo holístico, vai “beber” às outras ciências, agrupando-as e “peneirando” as especificidades, de modo a responder e fornecer uma leitura integrada do que, posteriormente, assumimos como território.

Numa sociedade cada vez mais evoluída e global, a Geografia, assim, possui um posto mais que garantido (e merecido), devendo, contudo, pugnar para uma melhor e maior compreensão do espaço, possibilitando a redução dos inúmeros problemas que acometem a sociedade do século.

 

Nota Bibliográfica

Diogo Amaral é Geógrafo, com especialização em Geografia Física e Geologia. Espeleólogo, tem como área de actuação a Geomorfologia. É, ainda, Vice-Presidente da República dos Fantasmas.


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