Na cidade de Coimbra, e promovida pela Biblioteca Municipal e redes de bibliotecas de Coimbra, promoveu-se uma marcha de leitura, no dia 23 de Abril. A iniciativa impulsionou o dia nacional do livro e dos direitos de autor e a importância da leitura e da língua portuguesa.
Alunos marcharam pela leitura, pelos poetas pelos escritores. Camões foi a principal inspiração do desfile que juntou cerca de 600 crianças e jovens de 20 escolas.
Todos os anos, faço a minha marcha de livros, escolhendo, nesse dia, entre as dezenas de livros comprados, apenas um, Por motivos diversos, esse é o meu livro do ano. Escolho-o pelo prazer que me deu a sua leitura e pelos ensinamentos colhidos.
Este ano a minha preferência recaiu, sobre a Tragédia de Pedro e Inês da autora Zulmira Albuquerque Furtado Marques. Não é uma autora badalada, mas possui um vasto trabalho de campo de ensaio, conto e reportagem, galardoado com vários prémios e menções honrosas.
O livro de Zulmira é de simples estruturação, linguagem escorreita, boas e estendíveis fotografias. Estes atributos levaram-me a considerá-lo o melhor do ano, o meu livro do ano.
Pela primeira vez, mérito da autora, consegui entender a arte figurativa das laterais dos túmulos de Inês e Pedro; surpreenderam-me pela sua minúcia arquitectónica, artística, e beleza dos seus frontais. O cimo dos túmulos são majestosos com as figuras dos reis e seus guardadores e acompanhantes.
Nos frontais de Pedro sobressaem a lenda de S. Bartolomeu, a Roda da Fortuna e a Roda da Vida. Também é de salientar, uma legenda na base do túmulo que significará o adeus de Pedro a Inês. Segundo Vieira Natividade, significa até ao fim do mundo. No túmulo de Inês qualquer um fica perplexo com a magnitude artística do Juízo Final, Flagelação de Cristo, o Senhor a Caminho do Calvário, e Ressurreição dos Mortos.
No que concerne à autoria dos túmulos, as opiniões divergem. Uns partilham a ideia de António Vasconcelos e de Mestre António Augusto Gonçalves. Segundo eles e o parecer do erudito inglês Watson, estas obras não são de artistas nacionais. Outros, como Afonso Lopes Vieira, baseando-se no parecer do Professor Emile Mâle, afiançam que são de autores portugueses
Há um capítulo muito interessante neste livro. Trovas a D. Inês. Magnifico trabalho da autora.
Grandes poetas escreveram sobre Inês de Castro. O Primeiro poeta que abordou o tema foi Garcia de Resende nas «trovas à morte de D. Inês de Castro».
Depois outros se deixaram seduzir pelo encantamento da lenda, como o grande Luís de Camões, Bocage, Afonso Lopes Vieira, Silva Tavares, Virgínia Vitorino, Augusto Casimiro, Tomás de Figueiredo, Fiarna Hasse Pais Brandão, Miguel Torga, Natália Correia, Ary dos Santos.
O meu preferido é o de, Virgínia Vitorino.
Repousaram enfim. Sonham agora
aquele grande sonho interrompido
– o maior sonho que se tem vivido
sonho que fulge em cada nova aurora!
Beijam se os dois amantes hora a hora.
E no grande sossego apetecido,
Murmuram ambos eles num gemido:
“Só é perfeito, imenso, o amor que chora!”
Inês, oh! linda Inês! “garça real”
que por um bem sofreste tanto mal!
Dorme, dorme o teu sono tão profundo.
O teu Pedro te embala, nesse Amor
Que há-de ser sempre o nome de Maior!
Que há-de ser novo- “Até ao fim do mundo…”