“O Despertar” completa mais um ano. É longa a caminhada iniciada em 1917. Sempre norteado no caminho da verdade, da honra, da divulgação de Coimbra. Permanece fiel a estes sãos princípios que estiveram na origem da sua criação. Atravessou períodos deveras difíceis mas soube sempre ultrapassar as dificuldades sem se desviar do bom caminho. Sou leitor deste jornal há mais de setenta e cinco anos que a minha casa chegava pela mão do meu irmão Horácio. Uniam-nos à família Sousa laços de verdadeira fraternidade e todos recordo com profunda saudade. Do Tony ao Artur, e ao Armando, sem esquecer as irmãs, todos deram continuidade ao trabalho maravilhoso feito pelo grande homem que foi seu pai que viveu “O Despertar” como se fosse mais um filho. Mas não seria possível nem justo esquecer na evocação desta boa gente essa figura nacional, que tantos exemplos de honestidade, lealdade e sabedoria nos deixou que foi o Fausto Correia. Que todos descansem em paz.

Também a minha caminhada na vida já vai longa. Fustigado por infortúnios faço das minhas recordações uma maneira de encarar a existência com realidade, na companhia daqueles de quem tanto gosto. É um percurso que vou fazendo com sofrida teimosia certo de que com esta postura cumpro a vontade daqueles que já partiram.

Tem-me faltado vontade para estar presente neste espaço que me deram a honra de ocupar há cerca de trinta anos. “O Despertar” continuará sempre e honrar o seu passado graças à competência daqueles que, com sacrifício sem dúvida, tomaram as rédeas do seu comando. Vai continuar o seu percurso com os olhos postos no futuro, acompanhando o progresso, sem esquecer nunca a linha que traçou com o seu nascimento.

Quem sabe se mais este aniversário não me estimulará (será possível?) para que volte a este espaço para dizer, com a liberdade que sempre me foi concedida, o que sinto sobre certas coisas – de Ceira, de Coimbra, de Portugal…