10 de Outubro de 2025 | Coimbra
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Número de inscritos na Universidade Sénior de Coimbra duplicou nos últimos anos

10 de Outubro 2025

Promover o envelhecimento ativo, saudável e consciente: é esse o principal objetivo da Aposenior – Universidade Sénior de Coimbra. O projeto desenvolve uma série de atividades de caráter intelectual, físico e social, destinadas a um público com mais de 50 anos, independentemente do seu nível de escolaridade. A iniciativa nasceu em 2006, através da Associação Apojovi, e, desde então, são cada vez mais as pessoas a procurar este apoio vocacionado para a terceira idade. Se, na sua génese, a Aposenior contava com 200 inscrições, hoje são cerca de 400 os seniores que encontram neste espaço uma família.

“O número praticamente duplicou nos últimos anos”, revela Filomena Vaz, presidente da direção da Aposenior, em declarações ao “O Despertar”. Uma realidade que, em parte, se pode justificar com a evolução do universo digital. “Nota-se que os seniores que estão aqui há menos tempo são mais fechados. Faltam as palavras. O digital acaba por nos isolar. (…) A pessoa está em contacto com o mundo, mas é um mundo virtual”, acrescenta a responsável.

Na sua opinião, as tecnologias trazem consigo uma falsa comunicação; uma ilusão de que quem as usa está a chegar ao outro, mas não é bem assim. “A comunicação oral perdeu-se completamente”, alerta, reiterando que esta escassez de conversa afeta, sobretudo, as pessoas mais velhas. “Quando se entra na reforma, isto só piora. Os filhos já cresceram e os netos têm as suas atividades. Os seniores estão cada vez mais sozinhos”, admite.

Foi com o intuito de alterar este panorama que nasceu a Aposenior. Com 56 turmas em funcionamento, este é um serviço que se mantém há quase vinte anos. O espaço oferece várias respostas que contribuem para que os seniores melhorem a sua saúde física e mental, bem como aumentem a sua autoestima e satisfação pessoal.

 

“As pessoas estão carentes”

De acordo com Filomena Vaz, estas duas décadas de projeto não podiam ter alcançado melhores resultados. “Muita gente que se vem inscrever já percorreu as universidades da cidade. Sinto-me muito orgulhosa, porque costumam dizer-nos ‘eu aqui encontrei uma família’”, conta, deixando escapar um sorriso.

Um sucesso que, em parte, se deve ao facto de “termos umas instalações interessantes, estacionamento e uma carrinha que vai buscar quem não tem possibilidade de se deslocar”, mas não só. A iniciativa também incentiva a que os seniores aumentem a sua rede de amigos e conhecidos, o que se tem revelado uma mais-valia. “Cria-se uma certa empatia. Até o simples facto de virem na carrinha faz com que as pessoas aproveitem para conversar. Há esse tipo de interação”, revela.

Além disso, a equipa da Aposenior é constituída por profissionais que estão sempre prontos a ajudar e a melhorar o dia destas pessoas. “Têm uma capacidade imensa para comunicar. Eu vejo seniores que podiam ser seus avós a desabafar, a brincar e a contar-lhes histórias”, conta Filomena Vaz, frisando que este apoio é fundamental. “Por vezes, uma palavra, no tempo certo, faz toda a diferença. Principalmente, numa época em que as pessoas entram no elevador e nem um ‘bom dia’ dizem. O isolamento é uma coisa muito complicada e que a maioria das pessoas sente”, lamenta.

Sobretudo, nos últimos anos. A responsável não tem dúvidas de que a solidão tem aumentado de dia para dia, o que justifica a crescente procura pelos serviços da Aposenior. “É sinal que as pessoas estão carentes de qualquer coisa socialmente palpável. Computador e telemóvel, toda a gente tem hoje em dia, mas isso são máquinas. Nós não somos máquinas. Precisamos de atividades intelectuais, mentais e físicas”, reforça.

 

Programa é vasto e enriquecedor

Com vista a combater o isolamento da população sénior, a Aposenior tem desenvolvido um variado conjunto de atividades no âmbito do apoio socioeducativo e da integração social. Entre disciplinas permanentes, – como ginástica mental, dança, música, história, inglês, cultura, arte e informática, – e ofertas pontuais, – como palestras, tertúlias, concertos, festas comemorativas, seminários, workshops, passeios e viagens -, o propósito passa por exercitar o raciocínio, a reflexão e a troca de ideias. Sempre com o foco no convívio.

“As pessoas inscrevem-se na Universidade Sénior para terem alguma coisa para fazer (…) O convívio aqui é imprescindível”, salienta Filomena Vaz. O certo é que parece que estes seniores encontram o que procuram, afinal, há quem volte de ano para ano e vá acrescentando novas atividades ao seu currículo. “Normalmente, quando chegam, inscrevem-se numa disciplina para ver como é. No ano seguinte, já estão em duas ou três”, afirma, entre risos.

E o melhor de tudo: com elas, trazem novos alunos, contribuindo para que a família Aposenior continue a crescer. “A nossa melhor publicidade é o passa-a-palavra”, reconhece a responsável. É dessa forma que o caminho do projeto tem vindo a ser traçado, adaptando-se sempre “à evolução da vida e às necessidades das pessoas”. Apesar dos desafios que, por vezes, invadem o trajeto, Filomena Vaz não tem dúvidas: todo o trabalho tem valido a pena.

“Há muita gente que me diz ‘eu não sei como teria reagido se não estivesse aqui’. Há pessoas que estão inscritas, mas naquele dia não têm aula e, mesmo assim, vêm cá só para dizer um ‘olá’. Isto quer dizer que tem valido muito a pena”, realça. A prova de que este projeto é aquilo que sempre ambicionou ser: um espaço onde se cria “um espírito de união e amizade”.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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