12 de Outubro de 2025 | Coimbra
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Novo espaço de Coimbra promete “revitalizar a Baixa” e promover artistas

24 de Abril 2024

No “Safra”, todos os dias são uma surpresa. Quem o procura, nunca sabe o que vai encontrar. A única certeza é a de que cada prato é confecionado a partir de produtos locais e frescos. O projeto nasceu pelas mãos de Sérgio Silva e Vanessa Claro, dois jovens que estudaram em Coimbra e nunca mais largaram a cidade que os acolheu. Hoje, são os rostos por detrás do restaurante que promete atrair cada vez mais visitantes para a cidade.

Com formação na área da cozinha, Sérgio Silva sempre teve a certeza de que era esse o caminho que queria seguir. Nasceu dentro de uma família de pasteleiros e, desde cedo, se habituou a fazer tudo com as próprias mãos. Acaba por conhecer Vanessa Claro, quando esta ainda estava a estudar Economia. O que nenhum dos dois previa era que, dali a algum tempo, os seus cursos se iriam unir e dar vida a um projeto que nunca imaginaram concretizar.

Tudo começou em 2020. Por conta da pandemia, Sérgio ficou desempregado. Nessa altura, decidiu começar a criar refeições e vendê-las para a casa daqueles que não podiam sair para almoçar ou jantar fora. A iniciativa dava pelo nome de “Safra em sua casa”. Mais tarde, – quando as medidas relativas ao isolamento começaram a aliviar -, o jovem continuou a sua profissão, mas como chefe privado.

“Em Coimbra, não resultou muito, mas, em Aveiro e no Porto, funcionou muito bem. O Sérgio deslocava-se e cozinhava para as pessoas”, recorda Vanessa Claro, em declarações ao “Despertar”. Todavia, assim que as medidas restritivas foram levantadas, o cozinheiro viu-se, novamente, obrigado a mudar de trajeto. Começou a trabalhar numa quinta de eventos, tendo como função os menus de catering, algo que não o realizou. “Ele gosta muito de cozinhar, mas também gosta muito do contacto com o público e, ali, não tinha isso”, adianta ainda.

Opta, assim, por desistir e lutar por um espaço próprio que pudesse satisfazer as suas necessidades enquanto profissional. “Foi em 2022 que decidimos que, efetivamente, íamos andar para a frente com essa ideia. Começámos a procurar espaços e, em agosto, surge o Safra, um sítio físico na Baixa de Coimbra”, conta Vanessa.

Revitalizar a Baixa

O Safra abriu, oficialmente, em outubro do ano passado. O restaurante foi totalmente pensado pelo casal e tem como propósito trabalhar com alimentos frescos dos melhores produtores locais. “O nosso restaurante não manipula muito o produto. Este é sempre fresco e tem uma qualidade superior à maioria dos restaurantes, ou seja, acaba por não ser preciso mexer muito nele”, afirma Vanessa Claro. Nesse sentido, o Safra distingue-se por ser sustentável e pelo seu conceito surpresa. “A nossa carta muda praticamente todos os dias (…) todos os pratos são montados e servidos de forma a que as pessoas os possam partilhar”, explica.

A ementa varia conforme os alimentos que Sérgio compra, diariamente, no mercado de Coimbra. Apesar de poucos, há alguns pratos que se mantêm fixos por serem constituídos por elementos que são facilmente encontrados em qualquer época do ano. Por exemplo, alguns cortes de carne e o bacalhau. No entanto, a grande maioria é surpresa e o cliente só sabe o que pode comer quando chega ao local. “Nós aconselhamos sempre três pratos para que as pessoas percebam que este é um conceito de partilha”, adianta a jovem.

Em atividade há cerca de meio ano, o Safra já conta com um feedback “muito positivo”. O efeito mistério atrai cada vez mais clientes, sendo que, parte deles, já usufruíam do projeto quando este se limitava à entrega de refeições ao domicílio. Vanessa admite que várias pessoas vêm, sobretudo de Aveiro, para visitar o espaço. “Queremos contribuir para revitalizar a zona da Baixa”, confessa a jovem, acrescentando que “temos pena da cidade não estar tão desenvolvida como gostaríamos”.

A esse respeito, o casal orgulha-se de perceber que alguns dos seus amigos já começam a dar asas a negócios naquela zona. Gostam, por isso, de acreditar que podem servir, de certa forma, de inspiração para que mais profissionais dinamizem a região. “Não fomos os impulsionadores, mas estamos a contribuir, de alguma maneira, para que Coimbra seja posta no mapa, digamos”, salienta Vanessa Claro.

Promover artistas locais

O Safra não é apenas um restaurante na verdadeira acepção da palavra. Tem também uma vertente cultural, na medida em que toda a sua decoração é feita por artistas locais. De acordo com a responsável, “a nossa ideia é que estes artistas possam expor as suas obras no nosso espaço. Ficamos todos a ganhar. Eles podem mostrar aquilo que fazem e nós temos sempre decoração gratuita e que está dentro do nosso conceito de integrarmos a comunidade de Coimbra no Safra”. Jean Calcagno foi o primeiro a expor os seus quadros no local, todavia, Vanessa assegura que quer chegar a mais pessoas, já que “ambicionamos mesmo encher o Safra de Arte de artistas locais”, pelo que todos são bem-vindos.

Depois de anos em busca de um caminho frutífero, Vanessa e Sérgio parecem ter esperança no futuro. Inicialmente, o investimento num espaço físico não foi fácil. A jovem, que trata da contabilidade, revela que “é diferente, porque estamos a lidar com outro tipo de negócio”. Em contrapartida, para Sérgio, “é muito mais desafiante e dá-lhe mais gozo, porque está em contacto com o público”. Com o olhar posicionado no amanhã, Vanessa adianta que “abrir outro Safra” é um dos objetivos. “Não em Coimbra, gostávamos de abrir noutra cidade, como Aveiro ou Lisboa”, reconhece.

Não obstante, Sérgio também não esconde a vontade de ter uma padaria. “Gostávamos que fosse essa padaria a fornecer o Safra. No fundo, termos pessoas a fazer o nosso pão e as nossas massas. Mas, em primeiro lugar, abrir outro restaurante e, depois, talvez a padaria ou pastelaria cá em Coimbra”, remata Vanessa Claro.


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