Numa vida já longa como a que levo faz parte das fases positivas, entre muitas outras, felizmente, esta para mim honrosa possibilidade de ocupar, desde há vinte e oito anos, um espaço nas colunas deste conceituado jornal.
Com a franqueza que sempre procuro usar em tudo aquilo em que participo tenho contado com a compreensão dos responsáveis e a benevolência dos leitores alguns a levarem a sua gentileza ao ponto de me manifestarem o seu desejo de continuidade.
E, muito intimamente, sinto a necessidade própria de escrever sobre assuntos de variada natureza pois será uma maneira de manifestar, como cabe a qualquer cidadão em democracia, a sua opinião.
Temas, feliz ou infelizmente, não faltam. Mas Ceira, esta freguesia que tomei de livre vontade como minha há sessenta e três anos, porque faz parte do meu viver diário, terá sempre que ser o ponto fulcral das minhas intervenções.
Como me seria agradável poder estar, como por muitos anos estive, dentro dos problemas mais instantes desta parte do concelho de Coimbra quantas vezes tão mal olhada por quem tem por dever funcional zelar pelos interesses duma área concelhia que não se confina a certos e determinados limites.
Não é por se discordar que se é inimigo. Tenho o privilégio de ter por Amigo um habitante desta freguesia, com quem colaborei em diferentes áreas, com quem algumas vezes estive em desacordo, desacordo manifestado reciprocamente com a devida frontalidade, sempre dentro dos mais sãos princípios da educação e do respeito mútuos, e que comigo tem estado sempre nas horas mais difíceis. Sou feliz por merecer a sua Amizade.
Coimbra sofre desde há décadas períodos de estranha e incompreensível estagnação. Nem o seu ímpar passado histórico tem feito com que o poder governamental olhe para este concelho como merece.
Impõe-se que Coimbra entre no caminho adequado para recuperar a posição que lhe cabe no contexto nacional. Cabe-lhe um papel importante em todo um país que se deseja ver caminhar no sentido dum progresso geral que não pode ser escolhido por razões de mero interesse político/partidário.
E a recuperação do tempo perdido não se realiza com o sonho de obras megalómanas. Talvez fosse mais aconselhável a luta pela reposição daquilo que infamemente lhe foi roubado.
Refiro-me, evidentemente, à reposição do ramal da Lousã.
Acompanho a luta cheia de razão que Sansão Coelho, com grande sagacidade, tem mantido neste jornal. Não quero tomar o lugar que com inegável mérito tem ocupado.
Mas não calo esse esbulho que me foi feito a mim e a milhares de utentes desta zona que também é Portugal.