O Município de Mira vai investir 354 mil euros na requalificação dos viveiros da Barrinha, após um longo processo negocial com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que culminou numa candidatura bem sucedida ao Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP).
O presidente da Câmara, Raul Almeida, lembra que “foi um processo demorado, mas que irá transformar completamente aquela zona”. As obras arrancam num prazo de três meses, provavelmente ainda durante a época balnear, prevendo-se que estejam concluídas em dezembro. De acordo com a autarquia, a comparticipação do FEAMP será de 301 mil euros, cabendo à Câmara assegurar o restante montante.
“O acordo com o ICNF só foi possível depois de o Governo ter aprovado, em Conselho de Ministros, o decreto que procede à exclusão e submissão de áreas ao regime florestal parcial, que alterou o fim de parcelas situadas no perímetro florestal das Dunas e Pinhais de Mira”, explica a autarquia em nota divulgada, acrescentando que este decreto “abriu ao Município novas possibilidades de investimento na área do turismo, acertou os limites florestais do concelho (estabelecidos em 1917) e libertou 200 hectares de terrenos na Freguesia do Seixo de Mira, para onde esteve previsto um novo empreendimento agropecuário, que não veio a concretizar-se”.
Nos termos do protocolo assinado com o ICNF em junho passado, a Câmara assegurou a gestão dos antigos viveiros piscícolas e o Centro de Educação Ambiental da Barrinha de Mira por dez anos, prorrogáveis por mais dois períodos consecutivos de cinco anos.
A autarquia lembra que planeou para aquela área “a construção de novos passadiços que facilitem a circulação, a limpeza de tanques e caminhos, a requalificação do Centro Ambiental, que ficará instalado numa estrutura existente que será ampliada”. Esta “requalificação paisagística” deverá estar concluída no final do ano.
Para o Centro de Educação Ambiental da Barrinha de Mira está reservado um espaço de exposições, que deverá contar com o apoio dos pescadores de arte-xávega, que irão ensinar a reparar redes e partilhar experiências. O apoio científico do projeto será dado pela Universidade de Aveiro, anuncia o Município.
Recorde-se que os viveiros da Barrinha foram uma grande atração da Praia de Mira nas décadas de 50 a 70 do século passado, num período pré-parques aquáticos e oceanários, mas acabaram por encerrar no final dos anos 90 devido ao desinvestimento da ICNF na conservação dos tanques e áreas de apoio.
Os viveiros ocupam uma área de 4,5 hectares, ao longo da Barrinha, sendo a parte poente destinada às maternidades de procriação de espécies e a parte nascente, na direção do mar, destinada ao crescimento e exibição das espécies.