O Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) deve entrar em funcionamento em 2023, como previsto, uma vez que a mudança de Governo não deverá acarretar riscos para a execução deste projeto.
“Acho que esse risco não se coloca. Qualquer Governo que vier substituir o atual teria necessariamente a obrigatoriedade de continuar este projeto, que está estruturado, no terreno e tem financiamento”, disse o secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, no final da cerimónia de consignação da empreitada de construção do troço urbano do SMM entre Alto de São João e a Portagem, que decorreu na segunda feira, nos Paços do Concelho.
Com a consignação desta empreitada, com cerca de 5,2 quilómetros de extensão e um investimento de 23,6 milhões de euros, foi dado mais um passo importante no avanço da obra. Das quatro empreitadas que integram o projeto do SMM, está em execução a obra do lanço entre Serpins e o Alto de São João e agora tem início a intervenção entre Alto de São João e Portagem. As empreitadas dos troços urbanos da Portagem a Coimbra B e a Linha do Hospital deverão ser consignadas no primeiro trimestre de 2022.
O SMM “consiste na implementação de um ‘metrobus’, utilizando veículos elétricos a baterias que irão operar no antigo ramal ferroviário da Lousã e na área urbana de Coimbra”, ligando esta cidade a Serpins, no concelho da Lousã, com passagem em Miranda do Corvo, numa extensão de 42 quilómetros.
“Hoje damos mais um passo para a materialização deste projeto 11 anos depois da população ter ficado sem comboio no Ramal da Lousã, entre Coimbra e Serpins, esperando que consolide a esperança numa melhor mobilidade”, disse o secretário de Estado das Infraestruturas. Na sua intervenção, Jorge Delgado lembrou os “avanços e recuos” do projeto, salientando que “hoje já não há dúvidas: não são só palavras, são factos”.
A empreitada agora consignada, entre Alto de São João e Portagem, visa a adaptação da infraestrutura do antigo Ramal da Lousã, com a criação de faixa de circulação de dois sentidos com largura de sete metros e construção de 10 paragens com dupla plataforma.
Autarca de Coimbra aponta insuficiências ao projeto
Na sessão, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, recordou que este é um projeto que o seu Executivo herda e que vai “executar com satisfação”, apesar de admitir que não é exatamente o que preferiria, apontando-lhe mesmo algumas “insuficiências”.
Apesar de saudar o processo e considerar o dia marcante, por ser a primeira intervenção no espaço urbano, o autarca considera que o projeto do SMM devia considerar a reposição da paragem do Alto de São João, o aprofundamento da integração funcional ao longo de toda a linha, em particular na Praça 25 de Abril e a articulação da paragem do ‘metrobus’ aos táxis, transportes urbanos e transportes rodoviários suburbanos.
Por outro lado, considera que devia repensar a funcionalidade, segurança e dignidade da paragem da Câmara e a “necessidade indiscutível de servir o polo I da Universidade de Coimbra, que é um dos maiores polos de atração de viagens, à semelhança dos Hospitais”.
“Finalmente, a estação de Coimbra B. O avanço da solução aprovada não poderá colocar em causa a viabilidade da passagem e paragem da alta velocidade em Coimbra B, que tem de fazer parte da autoestrada Lisboa-Porto, pelo que importa revisitar e consolidar o estudo prévio já aprovado em 2010 e objeto de parecer favorável”, defendeu.
Recorde-se que o SMM prevê um investimento global superior a 140 milhões de euros, dos quais 40 milhões se destinam à aquisição de material circulante, cujas propostas decorrentes do concurso público se encontram em análise.
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AdCL investe perto de seis milhões no Troço Portagem – Alto de São João
A Águas do Centro Litoral (AdCL) vai investir aproximadamente seis milhões de euros no Troço Portagem – Alto de São João. O auto de consignação da empreitada de “Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) – Troço Portagem-Alto de São João – Adaptação da Infraestrutura A BRT, Adutora da Boavista e Drenagem Pluvial do Vale da Arregaça”, assinado na segunda feira, prevê a implantação de um emissário de águas residuais e conduta elevatória entre a Praça 25 de Abril e o edifício da Estação Nova, a construção de uma Estação Elevatória de Águas Residuais junto da entrada do Parque Verde e a implantação de uma conduta adutora de abastecimento de água entre o denominado nó da Arregaça e o edifício da Estação Nova. De acordo com a AdCL, vai traduzir-se numa melhoria substancial do sistema de abastecimento e rede de drenagem de esgotos e o prazo de duração do contrato é de 545 dias.
A AdCL explica, no entanto, que “os resultados desta empreitada só serão verdadeiramente efetivos mediante a concretização de uma segunda empreitada, que se encontra em fase final de adjudicação, à empresa Cimontubo, Tubagens e Soldadura, Lda., pelo valor de 1.757.913,92 euros (+ IVA), e com um prazo de execução de 540 dias. Esta contempla a continuidade da conduta adutora e do emissário de águas residuais, entre o edifício da Estação Nova e o Açude Ponte. Esta segunda empreitada, em conjunto com a empreitada desenvolvida em parceria com a Infraestruturas de Portugal e a Águas de Coimbra, permitirá substituir o denominado Intercetor Geral da Cidade, requalificando o estado de condição do sistema, bem como aumentar a resiliência e capacidade de abastecimento à zona “baixa” e Norte de Coimbra, assim como ao concelho da Mealhada, adianta a Águas do Centro Litoral, S.A.