O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Manuel Teixeira Veríssimo, considerou que a reforma dos cuidados de saúde primários é o desafio que se coloca à direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Para o dirigente, o SNS “não voltará a recuperar fôlego se não houver essa reforma de fundo, que não são pensos rápidos, em que tem de haver um fortalecimento dos cuidados de saúde primários e o desvio da centralidade do sistema de saúde para os cuidados primários”.
O médico, que desde janeiro dirige a SRCOM, explicou que esta é a forma de “retirar um pouco a dependência ‘hospitalocêntrica’ que sempre houve, precisamente para que os doentes deixem de ir à urgência”.
“A ida dos doentes para as urgências centrais é uma questão de organização. O sistema está mal organizado, de modo que não permite ou não dá condições para que os cuidados de saúde primários possam reter os doentes e evitar que caiam num serviço de urgência”, salientou.
O problema das urgências, na opinião de Manuel Teixeira Veríssimo, não se resolve “com aumento das áreas, nem do número de pessoas nos serviços de urgência, mas sim com a reforma dos cuidados de saúde primários”.
“O problema resolve-se atuando na periferia, nos cuidados de saúde primários, mas para isso vamos precisar de um número de profissionais necessário que terão de ter condições para fazer diagnósticos, com meios auxiliares, isso é fundamental, e terão de estar abertos durante mais tempo, para que as pessoas deixem de ir à urgência”, vincou.
Para o presidente da SRCOM, o grande desafio da direção executiva do SNS é “mexer na estrutura, pelo que é importante que se faça essa reforma, sem a qual não se resolve o problema das urgências”.
Manuel Teixeira Veríssimo rejeitou que Portugal tenha médicos a menos, apesar de reconhecer o fenómeno da emigração nos profissionais mais jovens e a falta de clínicos nas unidades do setor público.
“No país, não temos médicos a menos, temos é médicos a menos no SNS. Uns vão trabalhar para o privado e outros emigram, mas especialmente porque o SNS não tem sabido ser atrativo para os médicos, sobretudo para os jovens médicos”, sustentou.
Salientando que esta é uma situação que tem de mudar, o presidente da SRCOM foi taxativo: “Há médicos em Portugal e estou certo que se lhe oferecerem boas condições eles não preferem o privado ou ir para o estrangeiro”.