O Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) vai passar a ensinar a metodologia BIM (Building Information Model, em português Modelação da Informação na Construção) aos alunos das suas licenciaturas em engenharia a partir de um laboratório criado para o efeito. Este sistema, já vulgarizado nos países mais desenvolvidos do mundo, permite a representação virtual de todo o ciclo de construção de um edifício, integrando todas as intervenções de todas as especialidades, desde o projeto até à entrega da chave.
De acordo com o ISEC, o BIM pode levar a “poupanças de 20 por cento no custo total das obras em que é utilizado”, ao “evitar erros, equívocos e sobreposições”.
O ISEC irá dar a formação em BIM na modalidade de “Suplemento ao Diploma”, prevista no Processo de Bolonha, a grande reforma do ensino superior na Europa que, em Portugal, entrou em vigor a partir de 2006. Para além das unidades curriculares tradicionais, os estudantes que a quiserem frequentar terão esta formação inserida e registada no seu diploma.
“Ao ser a primeira escola de engenharia portuguesa a formar em BIM, o ISEC estará a fazer duas coisas: torna os seus futuros engenheiros mais competitivos no mercado de trabalho nacional e internacional; e contribuiu para que a construção civil e obras públicas em Portugal tenha enormes ganhos de eficiência e atinja poupanças da ordem dos 20% nos seus custos finais”, afirma Mário Velindro, presidente do ISEC. Acrescenta ainda que, “com este laboratório – que será sobretudo frequentado por estudantes de engenharia civil, mas que interessa a todas as engenharias –, o ISEC coloca-se na linha da frente das escolas de engenharia portuguesas”.
O Instituto esclarece também que, por vezes, o BIM “é confundido com um software mas, na realidade, trata-se de uma metodologia de gestão que utiliza vários softwares tridimensionais disponíveis no mercado”, permitindo a comunicação permanente entre os diferentes profissionais, criando uma nova cultura de projeto na indústria da construção.
“Os arquitetos e os engenheiros elaboram os seus projetos virtuais, cada um na sua especialidade, sendo estes posteriormente agrupados para dar lugar às correções necessárias, eliminando sobreposições, incompatibilidades ou ambiguidades”, descreve Mário Velindro. Por exemplo, se o engenheiro de estruturas pretender colocar um pilar no local onde o arquiteto quer colocar uma janela, a comunicação entre os dois através da visão comum do projeto permitida pelo BIM leva a que, de imediato, percebam que têm de encontrar um solução que resolva a sobreposição.
Trata-se, no fundo, de uma construção virtual equivalente a uma edificação real, com detalhes que vão desde a composição dos materiais de cada elemento, a portas, janelas, paredes, condutas, cablagens, até pormenores de interior. No final do projeto e antes de entrar em obra, é possível observar a três dimensões a construção com todas as especialidades concluídas e finalizadas. Quando a construção real é iniciada todos sabem por onde começar e como vão acabar.
Tendo em conta as vantagens, o presidente do ISEC considera que não há razões para Portugal continuar excluído da utilização de um modelo que, segundo estudos internacionais, permite margens de redução de custos na ordem dos 20 por cento, o que é significativo em investimentos de muitos milhões de euros.