Não. Não gosto de mim. Só me tolero.
Por que haveria, se banal me vejo?
Por que há quem de si goste? Não. Não quero
Ser igual aos demais – eis meu desejo.
Por esse que serei eu já não espero
Porque me sinto a mais em mim. Bocejo
Ao me enxergar sem arte. Sou tão mero
Que nada me daria – nem um beijo.
Não. Não quero que os outros de mim gostem,
Me abracem, me sorriam ou se encostem,
Pois nem sequer lhes reconheço o brilho.
Não. Não leiam o Vate. Desse gosto.
Se por ele me matasse, até aposto
Que era capaz de me fazer um filho.