Roupas e agasalhos quentes precisam-se. É este o apelo que fazem as Juntas de Freguesia de Santo António dos Olivais e da União de Freguesias de Coimbra à sociedade para que, mais uma vez e se puder, seja solidária com quem mais precisa. Neste momento, pedem essencialmente agasalhos como cobertores, mantas e edredons e também vestuário quente.
As temperaturas frias que se têm feito sentir neste arranque do novo ano, a par com as dificuldades económicas que estão a agravar-se com a crise provocada pela pandemia, estão a deixar as famílias em situação de grande fragilidade. As Juntas de Freguesia continuam no terreno, a trabalhar em articulação com as várias entidades e instituições para apoiar naquilo que podem e é mais urgente.
A Junta de Santo António dos Olivais e a União de Freguesias (UF) de Coimbra recorreram às suas plataformas digitais para pedirem ajuda à população, solicitando sobretudo agasalhos quentes. Cobertores, mantas, edredons e até alguns equipamentos, como aquecedores, foram entregues já a muitas famílias mas os stocks continuam praticamente a zero, mantendo-se por isso a necessidade de repor estes bens que tão necessários são nestes dias frios que vivemos.
A Junta dos Olivais, através do seu Gabinete de Ação Social, pede roupa quente para todas as idades, como camisolas, calças, casacos, cobertores, lençóis de flanela e outra roupa de cama. A assistente social, Catarina Simões, alerta também para a necessidade urgente de roupa de homem, sendo a procura enorme e não havendo roupa para disponibilizar neste momento.
“Recebemos muitos donativos mas, de facto, tudo o que veio de roupa de inverno e agasalhos já desapareceu. A roupa de homem é sempre aquela que faz mais falta porque vem muito pouca e quando chega há sempre já alguém à espera”, realça, dando conta que os pedidos de apoio subiram de forma muito significativa neste início de ano e recordando que quem tiver bens para doar os pode entregar na sede da Junta ou no Centro Social Partilha e Saber Dr. Fausto Correia.
A área social sempre foi uma das grandes preocupações desta Junta. O presidente, Francisco Andrade, enaltece sempre o trabalho que tem vindo a ser feito para ajudar quem mais precisa e reforça que esta será sempre uma das maiores prioridades da Freguesia.
Neste momento, as situações de carência continuam a agudizar-se e os pedidos vão muito além do vestuário e dos agasalhos. De acordo com a assistente social, há cada vez mais pessoas a pedirem ajuda, nomeadamente para pagamento de despesas fixas, como faturas de água, luz, renda de casa e mesmo, em casos pontuais, de medicação. Apesar de muitos pagamentos serem efetuados pela própria Junta, o Gabinete de Ação Social articula também com outras entidades da Comissão Social e com a própria Segurança Social de forma a que, em conjunto, possam assegurar uma resposta mais assertiva.
Situações de desemprego e quebras de rendimento motivadas pela pandemia estão a agravar as carências de muitas famílias que, não tendo como fazer face às despesas, vão acumulando dívidas. “As pessoas não conseguem pagar as despesas do mês, quanto mais as que estão para trás”, explica Catarina Simões.
Famílias monoparentais e/ou com filhos são as que levantam maiores preocupações mas é necessário responder a todos os casos de necessidade. São cada vez mais as pessoas que recorrem à Junta para pedir ajuda, a somar àquelas que estão já sinalizadas pela própria Junta e pelas instituições da Freguesia.
As incertezas em relação ao futuro, com a pandemia a obrigar a novo confinamento, trazem também preocupações acrescidas, já que muitas pessoas voltam a ficar em casa, com rendimentos reduzidos, e muitas temem mesmo o desemprego.
A nível alimentar não tem havido, para já, dificuldade em responder. Muitas famílias receberam os cabazes de Natal, segundo a Junta a campanha de 2020 correu “muito bem” e, nesta matéria, é de sublinhar o trabalho que é feito por várias instituições, que apoiam mensalmente as famílias com alimentos.
Este início de ano não trouxe grandes perspetivas de melhoria e os serviços temem que a situação se agrave nos próximos meses. “São muitos a pedir e os recursos também não são inesgotáveis. Preveem-se ainda uns meses muito difíceis e angustiantes para todos – famílias, técnicos, profissionais. A notícia da vacina trouxe alguma esperança mas ainda temos um grande percurso a percorrer”, alerta Catarina Simões.
UF de Coimbra precisa de agasalhos quentes
O apelo da UF de Coimbra à doação de cobertores, mantas e edredons teve também uma resposta imediata. As pessoas mostraram que são generosas e estão atentas às necessidade dos outros e, dentro das suas possibilidades, ajudaram. A equipa da Junta distribuiu, nos últimos dias, segundo o presidente João Francisco Campos, agasalhos por largas dezenas de famílias com graves problemas de aquecimento nas habitações e a alguns sem abrigo.
Mas, apesar de ter sido possível ajudar algumas pessoas, o apelo mantém-se e a UF apela à doação de cobertores, mantas, edredons e casacos quentes, bens que podem ser entregues na sede ou em qualquer uma das delegações da Junta.
“Quando a Proteção Civil alertou para esta vaga de frio acionámos de imediato a Comissão Social de Freguesia, fizemos o inventariado do que tínhamos de roupa quente e pedimos logo ajuda à sociedade”, explica João Francisco Campos, congratulando-se com a disponibilidade das pessoas e das próprias instituições que, dentro das suas possibilidades, ajudaram com o que tinham em stock.
“No sábado distribuímos dezenas de cobertores, mantas e edredons e não chegou para todos os pedidos. Felizmente na segunda feira surgiram mais apoios, fomos também a algumas instituições e com o reforço dessas doações conseguimos responder aos pedidos que existiam”, frisa o presidente.
Estes são pedidos que surgem com “alguma frequência”, daí que a UF mantenha o apelo às doações. Para além destes agasalhos, tem sido solicitada também roupa de bebé e criança e casacos quentes são sempre bem vindos. Na restante roupa, há bastante resposta na Loja Social que funciona na delegação de S. Bartolomeu, sendo feita mesmo uma triagem do que é doado para separar as roupas que não se encontram já em condições de serem utilizadas.
“Nesta fase, pedem-nos sobretudo roupa para a casa. As pessoas não estavam preparadas para a vaga de frio e, infelizmente, nem todas as casas têm o isolamento térmico desejado e nem todas as pessoas podem ter aquecimento”, explica, adiantando que foram distribuídos também alguns aquecedores que a Junta tinha, no âmbito do projeto Juntar.
As situações de carência têm-se agravado nesta área, uma zona da cidade que, como recorda o autarca, mesmo antes da covid-19, “sempre teve graves carências sociais”. Portanto, a área social também sempre foi uma das grandes preocupações da Junta e vai continuar a sê-lo.
“A crise está aí e tentaremos sempre responder. Estamos cá para isso. Esta crise veio agudizar situações económicas já frágeis e veio colocar outras pessoas que até estavam bem na mesma situação”, realça.
João Francisco Campos recorda que 2020 foi um ano de grandes desafios, com os gastos da Junta a dispararem para fazer face às necessidades que surgiram com a pandemia, como a compra de equipamentos de proteção para as instituições e a aquisição de computadores para os alunos que não tinham computadores em casa quando as escolas encerraram. Os desafios continuarão neste novo ano e a Junta procurará responder tanto aos casos já sinalizados como aos novos pedidos de ajuda que forem surgindo.
Muitos dos pedidos chegam diretamente à Junta, outros são sinalizados pela assistente social nos contactos que faz e outros são denunciados por familiares, amigos ou vizinhos. “Apostamos num trabalho em rede, com as nossas instituições e também com a ajuda da comunidade, para chegar a quem precisa, peça ou não ajuda diretamente”, explica.
Baús solidários continuam nas ruas
A nível alimentar, nesta fase a situação “está estabilizada”. Recorde-se que a UF, em articulação com várias instituições da Freguesia, criou no ano passado os Baús Solidários, que se encontram dispersos pelo território e que tem como filosofia “deixe o que pode, leve o que precise”.
João Francisco Campos lembra, ainda, que no Natal a Junta distribuiu mais de 400 cabazes de Natal e que tem sempre bens alimentares essenciais, não perecíveis, na sua “mercearia social”, de forma a garantir uma resposta imediata em caso de necessidade.
“Com o confinamento prevemos que a situação se volte e agravar e agudizar. Dentro daquilo que nos tem chegado a nível de pedidos de ajuda, nós nunca deixámos de dar resposta e obviamente que em 2021 continuará a ser assim, enquanto pudermos e enquanto tivermos disponibilidade”, assegura.