A Federação Nacional de Professores (Fenprof) defende que é fundamental o regresso ao ensino presencial mas teme que, nestes últimos meses, não tenham sido acauteladas todas as medidas de segurança sanitária necessárias nos estabelecimentos de ensino.
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, visitou, na terça feira – dia em que mais de 100 mil professores se apresentaram nas escolas para prepararem o novo ano letivo – a escola Básica do 1.º Ciclo Solum Sul, em Coimbra, onde acusou o Governo de não ter criado nas escolas “as condições que se exigem” neste cenário de pandemia da Covid-19. Sublinhou que “a Fenprof é defensora do ensino presencial”, considerando mesmo que “a pior coisa que poderia acontecer aos alunos em Portugal era não estarem reunidas as condições para que as escolas reabram e se mantenham abertas”, até porque um regresso ao “ensino remoto seria trágico” para alunos, professores e pessoal auxiliar.
Mário Nogueira frisa que “nada substitui o professor e a escola” e considera que “a exigência e o rigor são medidas absolutamente indispensáveis neste momento”.
“Facilitar nesta matéria da segurança sanitária é imprudente, senão mesmo irresponsável”, alerta, dando conta dos problemas sociais que o encerramento das escolas acarreta, com “repercussões e prejuízos para as famílias, empresas e para a economia nacional”.
A poucos dias do arranque do novo ano escolar, a Fenprof entende que “as condições que se exigem para uma abertura das escolas não foram criadas” tendo em conta o atual contexto de pandemia e o risco de contágio. Mário Nogueira aponta como “principais aspetos negativos” a “falta de rastreio nacional à Covid-19 à comunidade escolar”; a manutenção de turmas grandes (podem ir até 30 alunos) o que não garante o distanciamento social exigido; e a falta de pessoal para fazer face às necessidades.
Mário Nogueira entende que devia ser também repensada a questão do uso de máscara nas crianças do 1.º ciclo do Ensino Básico, dos seis aos 10 anos. Compreende que “é muito incómodo” mas seria uma forma de proteção, até porque, como frisou, “cerca de 10 por cento dos professores (o que deverá equivaler a cerca de 12 mil docentes) são doentes de risco”, devendo ser assegurada a sua proteção.
A secretário-geral da Fenprof diz que “o ministério da Educação esteve dois meses a dormir” e lamenta que não tenha respondido aos vários pedidos de reunião solicitados para analisar estes problemas. Mário Nogueira adianta, ainda, que pediu também, por várias vezes, para reunir com a Direção Geral da Saúde, mas sem sucesso.